tag:blogger.com,1999:blog-56622333051439296742024-03-13T16:35:19.826-03:00Vasto Devaneioa fugir da minha própria lucidez.Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.comBlogger541125tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-60378103209634384622020-09-13T20:31:00.004-03:002020-09-13T20:31:49.158-03:00você não existe<div class="separator"><p style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"> <img border="0" data-original-height="423" data-original-width="700" height="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaAUlmepobdA5gaLUrmonRQYuTGfzM7I2zZdJk89wd52vMZdEY7RH8fN7O-aJVqnRbSYEtI70jM7H5h4lpigZDs3PioIly_Mc9xt_DhZoaR_VyhzPbA6ir9GWBXmgKItPtU5N2DeDWx54/w500-h301/1_3hnGL8pFdW9F1f53hbFbcg.jpeg" width="500" /></p></div><div><br /></div><div>no inicio dessa manhã eu acordei precisando de você, tateando tuas mãos no escuro, querendo que elas trancassem meu peito como um cadeado que só você saberia abrir. acordei meio que de sobressalto e, como esperado, você não estava aqui pra dizer que tive apenas mais um sonho ruim, que eu precisava mesmo era de alguns segundos de massagem no peito pra adormecer tranquila e sonhar com você, como sempre me pede a cada despedida. no fundo, só precisava mesmo desse seu carinho, despretensioso — embora sincero — e das pontas dos teus dedos passeando pelo meu rosto, até calçar a nuca e ficar por ali.<br /><br />coloquei meus pés no chão e percebi que é irritante saber que não tenho hora ainda pra te ver, pra descer correndo as escadas do meu prédio porque você está me esperando na portaria. é claro que a gente sonha demais com coisas pequenas e eu queria que fosse assim tão simples.<br /><br />quando você me liga, sempre à meia noite, conversamos sobre coisas diversas, como um galinha do tamanho de uma girafa ou sobre procedimentos estéticos que não valem à menção, porque você bem sabe, contigo tudo fica em seu devido lugar, inclusive toda e qualquer desordem; porque com a sua voz, cada manhã começa como uma madrugada de sábado pra domingo, cheia de paz e preguiça pois, independente do compromisso marcado pras horas seguintes, nosso romance-por-telefone sempre pode ser prorrogado por mais cinco minutos.<br /><br />só queria que você soubesse que — mais uma vez — acordei querendo dormir ao seu lado; ou pelo menos, te vendo dormir aqui no meu canto da cama. que esse infeliz acaso pare de me descobrir, me deixando ao relento da tua ausência. acordo desejando que você entre por aquela porta, repetindo docemente que nem nos seus melhores sonhos tu imaginava me encontrar, ou pra gente dizer juntos "você não existe" tão bem dito e bendito, me acordando de qualquer sonho bom ou ruim e trazendo boas doses de realidade e de carinho do jeito que é só teu.</div><br />Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-19841325768637106912020-05-15T22:31:00.000-03:002020-07-13T22:35:33.500-03:00você mereceria um outdoor na cidade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguAezJBuEo-Xpb9VFxzVx00OjdUdkRmkYrEZgSPpj0fdBddIJ_LMYQ2jQhEf8Nth68XFmREo0-uHR1KRtitSFFcu3EE0Ag0b5Uf0k9G76iqq152k0sctvG0opRcdHiFynr5aMjkjMJINU/s1600/original.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="334" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguAezJBuEo-Xpb9VFxzVx00OjdUdkRmkYrEZgSPpj0fdBddIJ_LMYQ2jQhEf8Nth68XFmREo0-uHR1KRtitSFFcu3EE0Ag0b5Uf0k9G76iqq152k0sctvG0opRcdHiFynr5aMjkjMJINU/s1600/original.jpg" /></a></div>
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todo dia penso em ceder à tentação e ligar para você. te mandar uma mensagem pra saber se está bem. eu sei que às vezes não está e eu queria ser alguém para te apoiar ou só apenas te escutar. mas eu sei que não dá. sei que não dá porque não sou eu quem você espera. não sou eu que você sente falta. não sou eu que você sente vontade de ceder à tentação e ligar. pensei em mandar uma mensagem pra dizer parabéns pelo seu dia, mas seria doidera demais ter guardado a data do seu aniversário que você disse na primeira vez que me viu. e é só por isso que eu pegaria a minha bicicleta, que eu nem tenho, e iria até a sua rua só pra te abraçar no dia dos seus anos. eu seria capaz de qualquer coisa pelo seu bem. e não se iluda, eu sei que não vou fazer isso, porque eu não posso e nem devo, mas nunca se iluda que um dia vai me dar na telha e eu vou te ligar desesperada na madrugada pra perguntar como você tá, como foi seu sono e quais sonhos malucos teve dessa vez. será que eu não posso nem devo mesmo? não sei muito sobre você, mas sei que seus olhos mudam de cor pela manhã. sei pouco do que te irrita ou do que te faz feliz. mas acho que eu poderia deixar essa coisa careta de lado só pra te mandar um oi. mas a verdade eu sempre mando, que acabei reparando que você não quer oi. tá tudo bem, sério. uso isso sempre como um desabafo, já que nunca consigo dormir cedo. e aí que eu lembro de você… desculpa. desculpa pelo excesso de lembrança, mas é que na verdade você tem um rosto tão bonito que deveria aparecer mais vezes. assim, de repente, numa foto, na minha janela ou em qualquer outro lugar. você mereceria um outdoor na cidade com uma luz neon brega iluminando as suas doces expressões. sei lá. vai ver que por você vale a pena esquecer do medo de mandar um oi. vai ver eu esteja certa em não dizer nada. vai ver tu tem um caminho incrível pela frente e em nenhuma dessas esquinas… eu te encontre de novo. sinto saudade de saber de você.Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-59199724981448739622020-03-27T15:44:00.001-03:002020-03-27T15:44:36.861-03:00the same old fears<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-QoTl-IXmy-J_IVR0CkzFzSxoRIFxrHnNTg3qN6M2zxB9kCltEVmtThb6i44BAdd64YChpsa1CSpfgYS5ZA3U_OG25Ni1QmNMxAqUAc5B-xm0cfaRhjd_NXiika-tgMOi81hqOJ-kW3E/s1600/the+same+old+fears.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="716" data-original-width="1080" height="424" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-QoTl-IXmy-J_IVR0CkzFzSxoRIFxrHnNTg3qN6M2zxB9kCltEVmtThb6i44BAdd64YChpsa1CSpfgYS5ZA3U_OG25Ni1QmNMxAqUAc5B-xm0cfaRhjd_NXiika-tgMOi81hqOJ-kW3E/s640/the+same+old+fears.jpg" width="640" /></a></div>
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<br />Eu deveria me acostumar e entender que a vida passa. E que as coisas também passam.<br /><br />Essa é a verdade que eu gostaria de contar quando a noite cai e eu fico sozinha comigo mesma. Só que eu não consigo. Em luta, meu ser ainda se divide em dois, uma metade que aceita e a outra metade que diz: não, eu não vou me acostumar com o que dói. Não é possível que alguém em sã consciência consiga viver tranquilamente sem pensar no que não foi. Ou no que foi e não deu certo. Ou o que deu certo, mas se foi.<br /><br />“the same old fears” nunca me fez tão sentido como agora. Tanta coisa vem e volta o tempo inteiro na minha mente. Como vou passar os próximos anos com essa angústia que ninguém tira do peito? Como aceitar que as pessoas vão embora e não se despedem? Como entender o amor e o quanto ele pode mudar a vida de alguém? Eu não sei.<br /><br />Esses últimos dias eu tenho tido um medo absurdo de morrer e não dar tempo. Não dar tempo de dizer tudo o que eu tinha pra falar e não tive coragem. Não dar tempo de refazer as pazes comigo mesma e aceitar que eu não tive culpa. Não dar tempo de falar coisas que sempre aparecem na minha cabeça, como o quanto eu queria estar com aquela pessoa em específico mas não disse porque eu pensei demais e achei melhor deixar pra lá. Puta merda. Eu sempre deixo as coisas pra lá e esse “pra lá” pode nunca saber o que de fato eu senti.<br /><br />Vocês não tem medo?<br /><br />Medo de acabar e você não ter feito nada? Ou medo de não começar um novo amor? Medo de deixar as coisas como estão por medo de falar o que sente? De mudar? De pegar o ônibus errado, mas acabar chegando ao destino final? Eu não sei dizer o que mais me dói nessa história toda.<br /><br />Eu tenho medo e, as vezes, ele me paralisa.<br /><br />Não sei direito o que eu deveria fazer. Ou o que é certo. Mas em nenhuma biografia romântica sobre a vida é possível premeditar acertos ou equívocos, não existem registros ou algo para comparar na mesma existência. A gente faz e vê depois. Não existe pessoa certa ou vida errada. Simplesmente nos impulsionamos em direção ao primeiro sinal de troca, alguma fagulha ou sensação que utopicamente nos distancie da morte, rejuvenesça, preste algum significado ao ato natural de trocar o ar dos pulmões.<br /><br />Eu vou, simplesmente, em frente.<br /><br />E quando isso passar, espero ter conseguido — um dia — dizer tudo o que queria dizer; fazer tudo o que precisava ter feito e não tive forças. Talvez, eu espero, que essa mania de ter medo por coisas que queria fazer e falar, e tentar e errar, finalmente tenha cessado.Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-32533583057139547162020-02-26T14:39:00.000-03:002020-02-26T14:39:18.853-03:00boa viagem<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLtBAH0_GjSt_0zB0ecpjpgJJS2I1k33LTgEJ0M_C5SAkf1NDzSejM6U-rhZV6zfu_KCEqCDkq4C6gnz2mGYonkzUl_6wLhI8oPfwCUBqL4HXNNURyzPIhJdeihaOEwVYO5wdZswA7f00/s1600/1_B8TfCWnxYVFlOg9EbMd6TQ.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="333" data-original-width="500" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLtBAH0_GjSt_0zB0ecpjpgJJS2I1k33LTgEJ0M_C5SAkf1NDzSejM6U-rhZV6zfu_KCEqCDkq4C6gnz2mGYonkzUl_6wLhI8oPfwCUBqL4HXNNURyzPIhJdeihaOEwVYO5wdZswA7f00/s400/1_B8TfCWnxYVFlOg9EbMd6TQ.jpeg" width="400" /></a></div>
<div class="jk jl cn ar jm b jn jo jp jq jr js jt ju jv jw jx fb" data-selectable-paragraph="" id="6bfd" style="box-sizing: inherit; line-height: 1.58; margin-bottom: -0.46em; margin-top: 2em; word-break: break-word;">
Fazia meses que eu entrava no seu perfil, mas não tinha coragem de te chamar pra conversar. Você apareceu para mim num dia que eu chorava mais do que o normal. A dor ainda era latente. E você surgiu como recomendação. Pensando bem aqui, eu nunca entendi porque você me foi sugerido, mas eu fiquei com aquilo na cabeça. Na verdade, eu fiquei com uma foto específica na cabeça: uma que você está sorrindo sem olhar pra câmera. Quando me dei por mim, a vergonha tinha passado, eu tava de férias e no tempo ocioso fiz promessas para mim mesma: não esconder vontades. Foi assim que decidi ir atrás de você. Você puxou assunto e três dias depois eu te encontrei. Você me fez rir das coisas que eu já gostava e eu descobri que você também gostava. Era engraçado te ouvir falar em outra língua. Você não entendia, mas eu achava engraçado. Porque você é assim, de arrancar o riso. Percebi isso nas três vezes que te encontrei. Na forma que você se encaixou em mim quando eu disse que não dormia de conchinha. No jeito que você continuou a segurar a minha mão enquanto dormia. Era lindo ouvir tua respiração no meu ouvido e imaginar um monte de coisa fora do seu quarto. Eu ficava acordada e era tão bom sentir o mundo mudando debaixo dos pés, que até me dava vontade de sair da cama e passear por aí apostando todas as minhas fichas em você. A mesma ficha que caiu ontem. Eu sei, a vida passa e a gente passa de fase. Quando se ver não é mais uma necessidade, mas apenas uma iminência, e as coisas terminam. Minto, as coisas nunca terminam, simplesmente se abandonam. Eu tomo mais um café. Eu parei de chorar em janeiro. Mas voltei hoje. Peguei aqueles meus CDs velhos de músicas melosas. Eu parei de ouvir Radiohead no ano passado. “Fake Plastic Trees” me faz chorar com uma menininha que perdeu seu urso de pelúcia. Mas voltei hoje. Até meus vícios que me deixam tristes ou drogada voltaram, e nada do teu rosto. Eu não quis te dizer muitas coisas porque me conheço. Sei que vai doer, como na música. Não-deixe-ninguém-machucar-teu-coração. Essa foi a única coisa que eu te disse, porque é verdade. Ninguém-deveria-te-machucar porque você é dessas pessoas raras no mundo. Com o intuito de ter uma visão doce sobre as coisas, mesmo as pessoas não sendo com você. Tem esse dom de fazer as pessoas se sentirem confortáveis ao assistir um vídeo clássico dos anos 2000 ou de comer burritos às duas da manhã na sua cama. Você tem disso, essa coisa de ser a pessoa certa no momento certo, mas não era uma hora tão certa assim. Sempre andei me escondendo das coisas. Tentando me livrar da dor da vida e das coisas que não deram certo para mim. Até que você, dormindo, me pediu um beijo e disse aquelas duas palavras que todo ser humano na terra quer ouvir. Estremeceu cada pedacinho do meu corpo, como se te conhecesse há anos e nenhum passado por trás existisse. Eu sei que você tava dormindo, e sei que você não disse de verdade, mas aquilo me fez ter uma outra visão das coisas e de como as coisas deveriam ser a partir dali. Sempre andei me escondendo de tudo, mas naquela noite eu decidi que não deveria mais deixar pra lá o que eu sinto ou o que deve ser deixado para lá. Eu te chamei esses dias pra te contar isso, mas a verdade é que mesmo decidindo não deixar as coisas para lá, eu resolvi deixar. Porque eu sei que daqui há quatro dias você vai pegar a estrada e talvez eu nunca mais te veja de novo. Tu precisa pegar esse caminho e conhecer a vida que te aguarda. Espero que um dia tu saiba que teu jeito, leve e engraçado, me acompanhou nessas noites de insônia e me fez sorrir. E dormir bem outra vez.<br /><br /><span style="background-color: white; color: rgba(0, 0, 0, 0.84); font-family: medium-content-serif-font, Georgia, Cambria, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 21px; letter-spacing: -0.004em;">Você me fez sorrir.</span></div>
Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-54960347172604848532019-09-25T17:27:00.000-03:002019-09-25T17:33:23.851-03:00Amo, logo, resisto: a ideia dos recomeços e da vida após a perda<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaFH-j-JYPLbVrK3npAMPYD1yRQT-1IjrwzCU_S37AaLCOUvQKHsEeaVyTv33lz_WoKQDhi6c5vStV5dpqrvnMsOyBNLmoFSiObIX_TzlCG46ILf5VVj5Ri740E3loRj_fJ4SdcmN0J0I/s1600/photograph-phenomenon-angle-lamp-906067.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="898" data-original-width="1600" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaFH-j-JYPLbVrK3npAMPYD1yRQT-1IjrwzCU_S37AaLCOUvQKHsEeaVyTv33lz_WoKQDhi6c5vStV5dpqrvnMsOyBNLmoFSiObIX_TzlCG46ILf5VVj5Ri740E3loRj_fJ4SdcmN0J0I/s640/photograph-phenomenon-angle-lamp-906067.jpg" width="640" /></a></div>
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Quando a gente perde o primeiro grande amor de uma vida, nós achamos que nunca iremos superar. E de fato é difícil. Não é tão simples como contam em histórias do cinema, em livros de autoajuda ou em frases motivacionais no Instagram. Na pele, no dia a dia, na cabeça e no coração, suportar a perda chega a ser imensurável de tão dolorido que é. <br />
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Acontece que o tempo, mesmo que devagar em algumas ocasiões, passa. Clichê demais dizer que a dor passa com o tempo, mas a verdade é uma só: ela, de fato, não passa. Ela se aquieta. Aparece sorrateiramente para lembrar que você é, sim, de carne e osso. Retorna para te fazer entender que você passou por aquilo porque era para ser assim. <br />
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Depois de um tempo, todas as esperanças que você tinha perdido no amor, parecem ressurgir. A gente tromba o amor por acaso na rua. Ou no metrô. Ou na casa dos seus amigos. No aplicativo de paquera. Na festa de casamento do seu melhor amigo. <br />
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E, foi assim, que depois da perda, ele apareceu para mim. Tímido, mas falante. Com a risada engasgada e com as piadas mais idiotas do mundo. Contudo, as coisas não são perfeitas. Ele surgiu na minha pior fase. Daquelas que você não quer sair da cama por nada. E eu também surgi nas suas piores fases. <br />
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Porém, o amor, como bem sabemos, tem olhos que vasculham nossa alma, que veem os pontos mais internos e profundos, que ignoram aquilo que não vale a pena e supervalorizam as nossas melhores nuances, fotografando-nos apenas sob nossos melhores ângulos. <br />
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Ele não se assusta porque o outro não tem trabalho e nem dinheiro. Ele não se intimida porque o outro não tem casa. Ele ignora que o outro já entrou e saiu de um monte de relações. O amor é condescendente e topa ir almoçar com você no dia seguinte, mesmo quando você faz o convite a uma da manhã, depois de ter dito que iria precisar sumir por uma semana. Porque o amor não pede explicações, ele já é em si a justificativa perfeita para qualquer mudança de planos. <br />
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Na minha pele, o amor chegou numa noite sufocante de frio. Eu topei com ele e falei das músicas bregas do Youtube. Eu o levei para tomar uma na esquina da augusta e, ali, para fugir do zunzunzum dos bares, convidei-o para conhecer o mundo e torná-lo mais habitável, pelo menos naquelas horas, por aquela noite e, quem sabe, pelos próximos dias. <br />
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Eu não queria me envolver. Eu não queria ser a morada de ninguém. Eu não queria deixar ninguém se aproximar de mim. E, de fato, não deveria. Mas ele, ser ardiloso e insistente, me fez bater no peito de que ele era diferente. Meu deus, como eu acreditei que ele era diferente. <br />
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Ele se disfarçou de affair primeiro, deixando-me a vontade para fazer, dizer, titubear. Para poder dançar ao ritmo dialético e frenético do desejo e da hesitação. O amor simplificou as coisas para mim e quando eu lhe disse que "não estava disponível para nada", ele disse que também não estava, mas me convidou para assistir a uma banda chata na sua cidade. <br />
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E lá estava eu tentando quebrar todas as barreiras que eu criei no meu coração. Ele pegou nas minhas mãos e disse que tinha medo de eu ir embora, mas que seu maior medo era me deixar. Eu disse para o amor que também temia e que achava que não conseguiria sofrer tudo de novo, mas que não iria morrer se ele fosse embora. <br />
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Aliás, eu enfatizei que nosso tempo era o agora e que tudo que era bom merecia ser vivido até a última gota. Só que ninguém ensina o coração a ser diferente. A gente vai agindo por impulso, como se não pensasse muito bem o que estava fazendo. <br />
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Em outra noite fria, ele se fez morada. E eu topei o seu pedido besta, comendo frango e tomando coca cola gelada, de tentar ser alguma coisa. E eu tentei. Como eu tentei ser morada dos seus olhos. <br />
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Mas o que ninguém conta sobre os amores que aparecem assim, numa noite fria, é que talvez a gente esteja servindo apenas para tapar buracos. Curar a dor antiga que não cicatrizou e que insiste em voltar a doer. <br />
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Eu não percebia, mas eu deixei. Eu era muito diferente. Com um amor quieto, comedido em suas palavras, crítico que só ele, pessimista até, eu diria, zen-budista, praticando a não ação. Ele, centro do universo, sempre no palco da vida, eufórico, falador, gargalhando do que quer que seja. <br />
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O amor se instalou definitivo e imperceptível. Diferentemente das outras vezes, em que apenas percebi seu vulto, o amor - nesta ocasião - veio a passos lentos e bem premeditados. Não fez muitos convites, mas acolheu os meus. Não assinou contratos, porém foi doce e verdadeiro em cada linha. O amor se abriu para mim, como o Canal da Mancha faz aos seus intrépidos nadadores. Respondeu às minhas perguntas, mesmo quando eu não gostaria de ouvir às respostas e, pela primeira vez, não foi meu algoz, mas foi meu juiz. O amor não me aprisionou, não comeu meu nome, mas tirou a minha identidade. <br />
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Mas, no meio de desencontros com a vida, o amor mudou. O que era para ser a troca do que eu oferecia, se tornou uma ferida. Enquanto eu o fortalecia, cuidava da casa e do coração, e não deixava nenhum carinho faltar, ele estava se instaurando em outras noites frias por aí. <br />
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Ao invés de rir das minhas brincadeiras, das palavras que eu inventava e das dancinhas em frente ao espelho do guarda roupa, ele me fazia chorar mais do que deveria. Doía tanto que eu já não me reconhecia. <br />
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Enquanto eu falava de dor, ele falava de amor com outras pessoas. E não era sobre mim. Era sobre a sua necessidade de ser morada em tantas pessoas ao mesmo tempo. <br />
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Acredite: o amor não é para ser assim. Amor bom não dói e não machuca e não dá risada da sua cara. Não te sufoca com um travesseiro para você parar de chorar. O amor é grato. É único. É passível de erros, mas não de falta de caráter. <br />
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Ao olhar distante, percebo que talvez o amor seja isso: se entregar pura e verdadeiramente para alguém que não sabe o que fazer com isso. E é isso o que não nos ensinam sobre ele: a aceitar a perda e recomeçar. <br />
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Hoje eu entendo que, quando o amor deseja ir embora, eu não posso carregar essa culpa. Não posso me culpar por inconstâncias, por falta de respeito e por traições. Pra ele, eu fiz o que pude. Fui além da minha bolha, fui além de qualquer coisa que me prendia. Fui além da minha dor e de toda a minha história que perdi ao longo do tempo. Fiz além do que deveria. <br />
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Para eu, por hora, faço o que preciso: recomeçar mais uma vez. <br />
<br />Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-28651563875524023772019-08-29T11:21:00.000-03:002019-08-29T11:35:22.072-03:00coming around again<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0eclv_AIYxBi84kOAP7LcqxkprNUUIEyTnrBsMw5yPVGwZtzjPp-f663gOdyFf03YrZrkz78IevsmkkfzZ4Le9UWtYOXiJvmHUbG_SQDN_xpdxmgcn_46aerVfIZrj81aI1Riy2jT-1Q/s1600/Night-city-street_1440x900.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1440" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0eclv_AIYxBi84kOAP7LcqxkprNUUIEyTnrBsMw5yPVGwZtzjPp-f663gOdyFf03YrZrkz78IevsmkkfzZ4Le9UWtYOXiJvmHUbG_SQDN_xpdxmgcn_46aerVfIZrj81aI1Riy2jT-1Q/s640/Night-city-street_1440x900.jpg" width="640" /></a></div>
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“I know nothing stays the same…” começa a falar a música que toca no meu fone de ouvido há alguns dias. As coisas começaram a andar no meio fio da calçada, igual quando a gente é criança e tenta se equilibrar naquele pequeno fim da calçada que chega na rua. Há quem se entrega pura e verdadeiramente para não perder o equilíbrio de vez. Há quem apenas finge se divertir com essa brincadeira boba e cheia de ressignificados. <br />
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Gosto de pensar que em algum lugar do mundo tem alguém profundamente acordado esperando por esse momento de encontrar o próximo meio fio. Há, também, quem está tentando superar a queda - provavelmente em algum lugar bem longe de mim - assim como eu. Talvez eu tenha sido a pessoa que sempre andou no meio fio ao longo da vida, sempre com tanta força e sutileza ao meio tempo, esquecendo que teria quem pudesse me derrubar. <br />
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Andar no meio fio é como o amor.<br />
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Esse amor que a gente se equilibra em corda fina e bamba. Gosto de pensar que tem gente que ainda entenda que o amor possui opostos bem confusos, entre a força e sutileza, que quando caímos, ainda há aquela coisa que fica. Ninguém nesse mundo consegue me dizer se é uma coisa boa ou ruim, mas é sempre alguma coisa que fica: algo entalado, engasgado, ou nem entalado ou nem engasgado, mas é uma presença estranha dentro do peito - e da cabeça. <br />
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Você que está lendo e tentando descobrir que música eu escuto, é uma versão do Copeland de coming around again, porque tudo isso já me aconteceu outra vez: andar no meio fio e cair ao ser derrubada. A gente vai inventando desculpas pro que não temos controle: Ah, ele é confuso. Ah, ele está tenso. Ah, ele tem medo. Ah, ele é maluco. Ah, ele isso. Ah, ele aquilo. Ah, ele não teve amor. A gente vai inventando mentiras sinceras igual Cazuza porque a gente aprendeu que amor às vezes dói e às vezes tudo suporta. <br />
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É poeta demais errar e sofrer por alguém que a gente amou por anos. A dor não é bonita e a perda, muitas vezes, é tragédia. Porque a gente sabe que encontros são raros no mundo e, muitas vezes curtos. A gente sabe que o desencontro é sempre eterno e arrastado… e dói. <br />
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As mentiras que contamos a nos mesmos quando estamos vivendo na corda fina e bamba são transparentes demais e, mesmo assim, continuamos - não por empatia nem por porra nenhuma - é que a gente acha que é bonito demais se imaginar por aí sendo tudo o que uma pessoa mais precisa ou, simplesmente, fazendo sentido para a vida de alguém. <br />
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O que a gente aprende só depois da queda é que talvez a gente faça sentido para alguém. Talvez em outro garoto. Talvez em outro planeta. Talvez em outra estrela perdida no céu. Talvez. <br />
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Talvez só pra te dizer que ainda podem haver encontros no fim. <br />
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<br />Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-38826594317491436532019-03-12T12:11:00.002-03:002019-04-04T17:55:26.624-03:00A falta é irresponsável<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn9jx7OVyW5lBuEhwae-pRW1OjARcB84YBuwEhj5RsEcfbKp5AJZNj9bU42F7pRu3uzhWZrhISlNsLAREGrBS3Nl0j6iJwg06treAhgeDGBjmR6QZCFPzlI1llVtgzgtns9P56JsHPrwI/s1600/111666466.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="534" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn9jx7OVyW5lBuEhwae-pRW1OjARcB84YBuwEhj5RsEcfbKp5AJZNj9bU42F7pRu3uzhWZrhISlNsLAREGrBS3Nl0j6iJwg06treAhgeDGBjmR6QZCFPzlI1llVtgzgtns9P56JsHPrwI/s1600/111666466.jpg" /></a></div>
<span id="docs-internal-guid-6923ac6e-7fff-ed15-891d-76adf3d4a8f6"></span><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><br /></span></div>
Sua voz, vire e mexe, volta a ecoar na minha cabeça. Eu nem sei dizer se ela é realmente dessa maneira que minha mente projeta, mas gosto de pensar que sim. Também não consigo mensurar tempo e espaço pra conseguir ter a certeza de quão longe está agora e há quantas mil horas eu não te vejo mais. Costumo pensar que isso aqui, esse agora, seja só uma fração de tantos outros mundos que nós poderíamos estar. Multiverso? Matrix? Eu não sei, mas quero acreditar que em qualquer outro espaço, estrela e órbita, nossos corações ainda batem juntos. Se o alinhamento dos planetas chegasse agora, talvez não estaríamos, cada um, fora de algum. Será que encontraríamos casa? O real sentido do amor? As respostas para as dúvidas lendárias? Informações precisas da biblioteca do Vaticano? Talvez eu não viva o tempo suficiente para ver o homem fazer residência em Marte, mas adoro acreditar que as coisas acontecem quando devem acontecer. Toda dor que um dia pesou a fé, talvez, tenha sido proposital para sabermos que somos reais, ou desse planeta. Enquanto isso, aqui, tenho dado tudo de mim. Por hora, talvez, não seja o suficiente, mas é. Fico assistindo todas as suas - e de tantas outras pessoas - conquistas e me dá um frio estranho na barriga. Não tínhamos combinado de contar sobre nossos sonhos? De seguramos o peso da vida juntos? De dividir os ganhos? De sermos felizes? Talvez você já tenha pego o próximo foguete rumo a algum ponto qualquer no espaço, ou talvez já tenha encontrado a sua nova estrela preferida no céu. O que será que acontece quando as noites chegam ao fim? Será que preciso encontrar alguma coisa em mim que faça eu me mudar de vez, pra Curitiba, pra Itália ou alguma cidadezinha afastada do centro de São Paulo? Que da vontade, da, não é coração? Só a gente sabe o quanto aguentou até aqui. Nessa hora, metade do país reclama do calor, outra, do desamor instaurado em cada pedaço de coração. Pra qual lugar correr, eu não sei, pra qual time torcer, qual a melodia perfeita para a conexão dos acasos, eu também não sei. Continuo achando que o mundo, as pessoas, as sobreposições das falhas andam tremendamente esquisitas. Deve ter tido alguma coisa a ver com as constelações ou sobre os signos mutantes que, felizmente, são insolussionáveis seus mistérios. Eu não vou mais me enganar pra dizer que a sua falta não faz mais morada. Porque ela faz. Ela se faz como pedaços de um coração rasgado jogados em todos os cantos dessa cidade que insistem em se encontrar, todos de uma vez, nestas noites que custam a passar. Quais são as cores das estações do metrô? Ou em qual ponto ele atinge sua maior velocidade pra ir de encontro a próxima parada? Em que momento você descobre como andar sozinho pelas ruas sem temer o que não conhece? Eu não sei dizer qual foi a hora exata que perdi cada fragmento de felicidade que podia segurar com os teus olhos nos meus, mas sei dizer que talvez ainda seja difícil sentir perfumes que não o teu. Olha, a sua luz não está mais comigo. Os meus novos voos vieram para decretar o começo da minha abstenção de qualquer vestígio que você deixou. Por causa do que você me mostrou, sobre o místico e sobre a dor interminável de qualquer parte do meu ser, eu sei que, hoje, exista quem realmente possa amar o que, de fato, eu sou. Com todas as minhas divisões possíveis ou aqueles detalhes pequeninos que quase ninguém nota. Até uns meses atrás eu me importava. Mas, agora, o que você fez, qual a nova forma de me machucar você inventou, eu não me importo. De que cor são os olhos da sua nova morada, de que corpo você coloca pra se deitar nas noites frias, qual seu novo orixá, seu partido político, sua forma física, qual das suas cicatrizes do passado ainda doem, quem é seu pai, quem foi seus amores, pedal fuzz ou guitarra verde limão, qual seu novo perfume, quantas vezes sonha comigo, em que música pensa em mim, qual os quadros novos da sala, qual das entradas erradas da marginal você entra. Não me importa. É impossível, mas isto é verdadeiro. Há mais de uma década crescemos juntos, distraidamente. As formas da árvores mudaram conosco. Nosso entendimento sobre a vida, o amor e o que precisa durar, se tornou mutante. Não sei mais nada sobre a paixão e sobre como as pessoas nos machucam. É, a luz dos recomeços entraram na minha pele e eu pude enxergar este tremendo agora. Comecei a entender que o compasso da minha fé na vida mudou em passos largos, mas demorados. É metade medo, metade desespero e, provavelmente, esquecimento. Agora que os planetas estão fora de órbita, as danças com outros sons e a vida com outros par de olhos para eu me encantar, eu caminho até o fim para acreditar que eu vou atravessar a chuva passada para continuar doando cada parte desse coração rasgado para quem, finalmente, possa me merecer.Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-87920804470159710772018-12-13T13:08:00.002-02:002018-12-13T13:21:44.127-02:00Sobre o que ninguém te conta sobre a saudade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB3TmHR24H7ay6VIx3KvWL4GzgwiJnRSi_tjk2f9XGwowwvcjlb0feoI4quuqF6DyiOgEu3aTlsT2tyudIIdF8iQUle2beCpbgpBLpN2j6H84jEMw8nI66U4ebUeyMMr5t-fqdXHeXltg/s1600/tumblr_lpcdpxb1g71qc43lho1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB3TmHR24H7ay6VIx3KvWL4GzgwiJnRSi_tjk2f9XGwowwvcjlb0feoI4quuqF6DyiOgEu3aTlsT2tyudIIdF8iQUle2beCpbgpBLpN2j6H84jEMw8nI66U4ebUeyMMr5t-fqdXHeXltg/s640/tumblr_lpcdpxb1g71qc43lho1_1280.jpg" width="640" /></a></div>
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Têm sido dias doloridos. Eu não sei em qual momento da vida ou por qual razão dos cósmicos eu tenha me tornado uma pessoa profundamente nostálgica. É o stress do dia a dia? A ansiedade hóspede de todas as horas? O mês propício as minhas mais dolorosas e boas lembranças? Eu não sei muito bem.<br />
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Escolher alguns caminhos ao longo da vida é difícil. Ter que ver as coisas mudarem e se adaptarem ao novo é como ter um amigo de longa data, que vem, te abraça e fica por alguns dias. Que vai embora, mas que promete que volta daqui um mês ou daqui duas horas.<br />
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E ele sempre volta. E isso é a saudade. <br />
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Olho para trás e vejo muita coisa ficando, olho para frente e sei que tem muita coisa pra vir. É aquele ponto que é longe demais para voltar atrás e incerto demais para continuar sem medo. A saudade faz isso com a gente.<br />
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Recordar é um vício. Lembrar com detalhes de rostos, de conversas, de momentos é um dependência, uma espécie de compulsão adquirida de mentes acostumadas com uma vida guiada pela intensidade.<br />
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Já reparou que quando a gente é criança, nós não mensuramos o quão grande é sentir saudade de algo, de uma época, ou de alguém? Eu lembro que saudade era aquela vontade de ir até a casa da minha vó Lucinda, que morava há poucos minutos da minha casa, e eu podia ir lá a hora que eu bem entendesse. Era poder chegar lá com saudade da sua torta de frango e ela ter feito para eu comer. <br />
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A gente achava que saudade era estar de férias da escola há tanto tempo e voltar no mês seguinte com tanta coisa pra fofocar com os colegas. Saudade, na infância, era conseguir um real e ir comprar um monte de dadinho na doceria. Era andar de bicicleta com seus primos na viela do lado de casa. Era seus amigos indo na sua festa de aniversário pra comer bolo de chocolate e brigadeiro. <br />
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Mas a gente cresce e percebe que a saudade é muito mais dura. É algo que ninguém nunca vai conseguir mensurar. Passam-se anos, mas ela continua ali, embora às vezes escondida ou adormecida. Ela sempre volta, como o amigo acima mencionado. <br />
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E são saudades diferentes. Minha vó partiu quando eu tinha 12 anos. Hoje, com quase 27, ainda passo pelas ruas próximas a casa dela e tenho a sensação de que ela ainda estará lá. É um misto de angústia e dor, mas eu aceito. Quando lembro da infância e lembro dela, desenhando pinheiros comigo na mesa da sala, ainda engasga a garganta, mas eu entendo. <br />
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A vida é esse eterno sentir saudade de quem foi embora. Ou de quem a gente foi. Do que tínhamos e era tão bom. Saudade do que foi e do que poderia ter continuado a ser. E isso não é ser preso ao passado, longe disso: é apenas não passar pelo processo de Clementine em Eternal Sunshine of the Spotless Mind e esquecer. <br />
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Demorei anos pra aceitar que eu era um ser alimentado pela saudade, embora que não a saudade dolorosa. Mas aí está algo que ninguém nos conta sobre a vida: é impossível se desprender da saudade porque é impossível apagar o que passou.<br />
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Não dá pra esquecer a forma como nosso coração acelerava quando a pessoa que você mais amou na vida estava prestes a chegar. Não dá pra esquecer daquele abraço gostoso que nos protegia de tudo lá fora e que nunca mais vamos receber. Não dá pra esquecer das palavras de conforto, de atenção, de broncas e de zelo que a gente ouvia, porque a gente sabe que nunca mais irá ouvir. Não dá pra esquecer aquele cheirinho de café passado que só a minha vó sabia fazer. Não dá pra esquecer as noites de natal com a minha família inteira reunida sem nenhuma briga, apenas brincando com as crianças e sobre o que poderiam ser os presentes em volta da árvore. Não dá pra esquecer meu avô emocionado com o dvd que minha tia fez com as fotos antigas da família. Não dá pra esquecer os olhos que me esperavam no ponto de ônibus todas as noites porque era perigoso eu descer sozinha a rua. <br />
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Não dá pra esquecer, mas a gente aprende a conviver. <br />
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Vai ver a vida é isso mesmo: essa eterna saudade de coisas que a gente nunca vai ter novo, mas a certeza de que teremos sempre o amanhã pra continuar aqui e fazer novas lembranças favoritas. <br />
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Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-41379161736312939422018-08-30T10:54:00.000-03:002018-08-30T10:54:11.481-03:00Sobre quando amar é ser vulnerável<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWAX7d8KSzljUdizfyA5C0OV4ph84p9N79oghY8CLNuv0tTygBD5CzAh9wlRwI_nZc3zovfupQmGCqEGMQh2F65oO3BJBvUCTtCEjce-XsWsvvPEebkBGjGZvyAqjrb3xoaVtdvHD0Kt4/s1600/tumblr_mwng42QtiB1rp8rnso1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="394" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWAX7d8KSzljUdizfyA5C0OV4ph84p9N79oghY8CLNuv0tTygBD5CzAh9wlRwI_nZc3zovfupQmGCqEGMQh2F65oO3BJBvUCTtCEjce-XsWsvvPEebkBGjGZvyAqjrb3xoaVtdvHD0Kt4/s1600/tumblr_mwng42QtiB1rp8rnso1_500.jpg" /></a></div>
<br /><br />Sabe esses dias que você olha para trás tentando procurar algo que explique os motivos das suas próprias mudanças? Acho que é este é um momento que chega para todos, independente da idade, do número de erros, das chances que a vida deu ou, até mesmo, das coisas que passaram. <br /><br />Quando eu paro nestes instantes para olhar para trás, mesmo sabendo que este não é o meu caminho a seguir, eu vejo uma menina que acreditava tanto nas pessoas. Que achava que o amor era capaz de mudar o mundo. Eu acreditava que era impossível perder quem se ama, porque o amor era a chave para todas as respostas. Conto da Carochinha? Talvez. Mas, com o tempo, a gente começa a se sufocar pelo que poderia ter sido. O antes. Mau indício de que os próximos dias irão te matar um pouquinho por vez. <br /><br />Hoje, eu até acredito que o amor possa realmente ser resposta para as coisas, mas já não o vejo como capaz de mudar o mundo. C. S Lews escreveu, uma vez, que "o simples fato de se amar é uma vulnerabilidade". E não é verdade? Cada vez que a gente ama algo ou alguém, a gente está vulnerável à dor, à culpa, às incertezas e também aos acertos. Não vou ser pessimista o bastante pra dizer que o amor são só adjetivos ruins pelo simples fato das minhas experiência do passado terem sido tão dolorosas. <br /><br /><br />E, realmente, amar é ser vulnerável. <br /><br /><br />Porque amar é dar para alguém a paz que o mundo inteiro te tira. Mas, ao mesmo tempo, é sofrer pelo que poderia ser. Pelas coisas que poderiam dar certo, e não dão. E aí entra um fato que ninguém conta sobre o amor: a gente não consegue evitar a perda simplesmente porque queremos evitar. <br /><br />Há quem diga que as vitórias têm a ver com passos diários e com lutas silenciosas dentro da gente. Que há começos que são fins e fins que são só o começo. Isso até faz sentido fora da prática. Mas na rotina, no dia que as cobranças começam a acumular, a única coisa a se fazer é se manter em pé, sem olhar para trás. Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-3103587597222296592018-07-05T11:48:00.001-03:002018-07-05T14:06:11.845-03:00i should be the one behind the wheel<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVSqDyMip-0Co4U1ysbkGjm-TSRIK6S0tILfPRyhehTvy_s25hdh0KEVGKPc2rs0w5R_rrS1ru-YOaZUnS3UvhYF642BU3Zlf5JYtlFWA6VU8AAvi75xLXlX_pZG8XHC4yI8PR8M1tEQ0/s1600/tumblr_mwjgdhgkkw1qjwptbo1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="350" data-original-width="525" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVSqDyMip-0Co4U1ysbkGjm-TSRIK6S0tILfPRyhehTvy_s25hdh0KEVGKPc2rs0w5R_rrS1ru-YOaZUnS3UvhYF642BU3Zlf5JYtlFWA6VU8AAvi75xLXlX_pZG8XHC4yI8PR8M1tEQ0/s1600/tumblr_mwjgdhgkkw1qjwptbo1_1280.jpg" /></a></div>
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Essa noite sonhei que haviam achado seu carro na garagem de um parente do meu tio. Era como se eu tivesse sentindo tudo o que já passamos dentro dele. As milhares de músicas que cantávamos a todo o vapor. E até àquelas chatas, que você cismava em colocar pra tocar só pra me irritar. Das inúmeras gargalhadas de doer a barriga, porque no fundo, o que era engraçada mesmo era a sua risada toda torta e desajeitada, mas que era só sua. Das rotas erradas que eu fazia você pegar e culpava minha burrice de não saber ler o GPS, e você ficava puto da vida porque sempre tinha que pegar um retorno enorme até voltar de novo pro mesmo ponto que eu errei. Das conversas diárias que tínhamos quando voltávamos inconformados da casa de alguém, e muitas vezes a gente ficava puto ao mesmo tempo com as coisas que essas pessoas faziam, e a gente discutia pra ver se era realmente digno de ficar puto por uma coisa dessas. Das idas até os shows das nossas bandas favoritas, onde no caminho a gente já fazia planos sobre o que iriamos comer quando chegasse no lugar ou qual lugar iriamos depois para nossas gordices. Das inúmeras e incontáveis vezes que pegamos a vinte e três de maio pra ir correndo socorrer meu pai ou visitá-lo, e ver ele sorrindo quando você chegava, e eu voltava chorando toda vez porque era foda mesmo com todos os pesares e os "porquês" dele estar ali, era foda e você sabia que era foda pra mim, e talvez por isso ficava ainda do meu lado naquele lugar frio e solitário. Dos silêncios pela manhã que você não gostava de falar, tão pouco eu, mas que eu tentava fazer você falar qualquer coisa - você não entendia, mas eu só queria ouvir sua voz amanhecida e toda arranhada antes de você ir trabalhar ou me deixar no ponto de ônibus. É engraçado como um veículo, tão insignificante pra uns, possa ser espaço pra tanta memória. Lembro de como eu guardava as coisas, todas muqueadas no console ou das suas blusas jogadas no banco de trás. Você era uma espécie de caos e mostrava isso no seu carro. E é engraçado como as coisas são, como o tempo muda, como o ódio vai diminuindo e a saudade não existe mais, mas ainda existe essa coisa de sonhar e lembrar. Não é uma lembrança que me faz te querer de volta, até porque nenhum ser em sã consciência queria um embuste como você de volta, mas são essas lembranças que fazem a gente cair na real e lembrar de que eu não estava errada. Eu não posso me permitir me culpar depois de tanto tempo. Eu não tenho saudade de nada disso, te juro, mas eu lembro. As lembranças fazem parte da vida, mesmo eu querendo ser a Clementine e apagar de vez tudo isso da minha mente. Também não digo que fico remoendo e lembrando de você a cada instante, porque estaria mentindo. Eu não lembro de você porque você me fez mal. Você me machucou de uma maneira insondável, que talvez isso nunca se cure, ou se cure e eu ainda continue tendo essa sensação de que você é um puta dum merda, que desperdiçou a sua vida em segundos. Mas, eu sigo aqui, às vezes com ódio dos sonhos, às vezes com ódio de mim mesma por ter que ver essa memória, mas a verdade é que infelizmente ainda não pude dar um tiro na minha mente e apagar de vez toda essa merda que tu fez na minha vida.Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-69852080288582249602018-04-06T11:14:00.002-03:002018-04-06T11:15:27.544-03:00Sobre ninguém sair ileso de ninguém<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOWF3QroYm2zw-ivyq3g33y7otwZa7IarC7o53J9sVshndAs_au1zZaxCm3VEcx7PCnzVjyvH7Sj_VJZ2goxXN1UdAXICrYlc5loJLKjL8bsmaMrrp9CdJN_eVw4u4qGS0-K_88D6bwmA/s1600/tumblr_neh7r1OlcR1rxx1vlo1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="368" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOWF3QroYm2zw-ivyq3g33y7otwZa7IarC7o53J9sVshndAs_au1zZaxCm3VEcx7PCnzVjyvH7Sj_VJZ2goxXN1UdAXICrYlc5loJLKjL8bsmaMrrp9CdJN_eVw4u4qGS0-K_88D6bwmA/s1600/tumblr_neh7r1OlcR1rxx1vlo1_500.jpg" /></a></div>
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Eu sempre tive uma visão cética sobre as relações sociais: a gente pode, sim, esquecer uma pessoa; seja ela que nos magoou, quem a gente mais amou ou até quem odiamos. Acreditei fielmente nisto, principalmente de pessoas que me fizeram mal.<br />
<br />
Mas eu não imaginava que grandes amores são quase impossíveis de se esquecer. A gente não vai esquecer o cara que nos entregamos pura e verdadeiramente ao longo de uma década, por exemplo. Não dá pra esquecer a mulher com quem passamos 40 anos de casado. Também não dá pra acordar e esquecer aquela paixonite de alguns dias, mas que durou o tempo certo no seu coração. É sério, simplesmente não dá.<br />
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Não é uma coisa nostálgica, sabe? É uma coisa estranha: você está ouvindo uma música no aleatório do Spotify e do nada aparece aquela banda que ele te apresentou e você odiava. Mas você lembrou que foi ele que te apresentou. Lembrou que ficou duas horas em pé assistindo o show dessa banda que você detestava. Lembrou que ficou puta da vida porque não aguentava mais ouvir essa música no carro enquanto iam pro cinema, pro almoço na casa dos seus pais ou pra algum evento chato que você fazia questão de não querer ir.<br />
<br />
Você lembra do seu amor que você deixou pra trás quando o novo funcionário da empresa usa o mesmo perfume dele. Você até tenta não inalar esse cheiro, mas é igual. É o mesmo. A aparência física é completamente errada e não lembra em nada, mas ele usa o mesmo estilo de camisa xadrez toda amassada.<br />
<br />
E aí eu te pergunto: como não lembrar?<br />
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Não é uma saudade. Nem uma tristeza. É só uma lembrança da pessoa que conviveu anos com você e que simplesmente você tenta diariamente apagar da mente. É uma luta constante, sabe? Funciona nos primeiros dias, nos primeiros meses e no primeiro ano. A imagem do rosto vai se apagando. Você não lembra mais de como era o toque e o tom da voz. Você se quer lembra do que era dito. Essas coisas vão se esvaecendo com o passar do tempo. Juro, isso passa. Assim como tudo na vida. Mas você vai se lembrar de que essa pessoa existiu na tua rotina. Talvez a raiva do início até cesse e a tempestade que era o seu coração começa a se tornar em um sábado de sol.<br />
<br />
As coisas vão se acalmando. O que era dor deixou uma ferida que cicatriza. O que era mágoa se dissipa e se transforma em motivação para fazer diferente, pra encontrar o novo, pra novas chances e novos recomeços. A gente para pra pensar e percebe que está onde deveria estar. A gente começa a perceber que dá pra continuar cada vez mais. Que há motivos pra isso.<br />
<br />
É claro que nem sempre o tempo vai ser bom e colocará as coisas no lugar na hora que quisermos. Mas ele coloca. A gente consegue superar, mesmo com essas pequenas lembranças no cotidiano.<br />
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Porque a vida é isso: cair, levantar e continuar, sabendo que "ninguém sai ileso de ninguém".Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com30tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-88040087919684660172018-03-20T12:56:00.001-03:002018-03-20T12:56:28.131-03:00it's all for you<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBdVY5kaE3Locl3sqWoaADgatwWBK7rYczPEMB9sioMa2CPytYJgsKr00WnBvQfUIxAR0iuuZr3RApnYO72JRnEb_t4-1L9mZmWfvNhJnjilyGUu94gDq-xKeiA-F6jSckoRuxFHJlB1Q/s1600/28751492_260344234504994_6471871336833613824_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="491" data-original-width="720" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBdVY5kaE3Locl3sqWoaADgatwWBK7rYczPEMB9sioMa2CPytYJgsKr00WnBvQfUIxAR0iuuZr3RApnYO72JRnEb_t4-1L9mZmWfvNhJnjilyGUu94gDq-xKeiA-F6jSckoRuxFHJlB1Q/s400/28751492_260344234504994_6471871336833613824_n.jpg" width="400" /></a></div>
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Eu nunca tive pretensão alguma de encontrar um outro amor no meio do caminho. Acho que, no fundo, nunca ninguém acredita que as coisas não vão dar certo e que um dia você terá que recomeçar do zero. A gente sempre se dedica tanto em boa parte da vida, seja com as pessoas, com os amores, com o trabalho, e tantas outras coisas que a nossa única visão é de que as coisas vão dar certo. De que tudo dura para sempre. Quem não teve essa visão quando era criança, não é mesmo? Mas as coisas terminam. É claro que não temos total controle sobre isso. Talvez podemos prolongar ou encurtar o tempo, não sei. Mas o fato é que depois de um turbilhão de coisas que aconteceram na minha vida, você apareceu. Com um andar meio dançante, meio envergonhado, e meio pendulo. Veio com uma risadinha engasgada e um monte de coisa pra falar. Sempre te digo isso porque é uma das minhas memórias favoritas. Eu também não tinha a pretensão de gostar de você e me permitir sentir tudo o que o amor faz a gente sentir: frio na barriga, suspiros incontroláveis ao logo do dia, e aquele carinho gostoso tão esperado do fim de semana. E a gente foi acontecendo. Eu lembro, amor. De tudo, cada passo que a gente deu para as diversas direções que já fomos. Lembro das brigas também. Lembro de pensar que o amor é perfeito, que bobeira, o amor é pura imperfeição. Lembro de já ter ficado triste por te deixar triste. Lembro de me sentir mal com isso. Lembro dos momentos em que a gente foi bobo e feliz. Lembro que sou feliz a maior parte do tempo, pelo simples fato de você existir em mim. Lembro de descobrir que um sentimento não serve para ser dito, como coisa que fica bem em filme ou texto, ele tem que ser vivido de forma plena. Lembro de não conseguir me permitir sentir tanta felicidade assim. Lembro da tua mão, que sempre acha a minha. Lembro dos teus dedos, que sempre me fazem carinho. Lembro da tua boca, que sempre me acalma. Lembro do teu rosto de menino, que me olha como se ainda fosse aquela primeira vez. Lembro de cada coisa que descubro, manias, gestos, pensamentos… Sei que a caminhada até agora tem parecido cada vez mais difícil. Tantos erros, tantas palavras que machucaram, e atos que tiraram toda a confiança. Mas sei que há males que vem para o bem. A gente não ousou passar por tudo isso para acabar sem saber o que teria de bom ali na frente. Sei que o mundo lá fora nos espera. Mas você já está pronto pra vir comigo?Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-51426722072928940372018-03-09T12:05:00.001-03:002018-03-09T12:44:36.952-03:00Nem sempre o tempo vai botar as coisas no lugar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-heYtJllxtlTKX6KH1oEv3Yn8b3o6S6kpqgogQWerx5Rca3l8pv88XJD3FOOqNhfbB-DSU8oVV9qZxKJRHk6wvqY2YWatEFDnDPK0OyX7qTvgl0EgP8EqRMCZtIKtEACzmPfIABfCieM/s1600/dark-forest-hipster-indie-Favim.com-2201353.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="406" data-original-width="610" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-heYtJllxtlTKX6KH1oEv3Yn8b3o6S6kpqgogQWerx5Rca3l8pv88XJD3FOOqNhfbB-DSU8oVV9qZxKJRHk6wvqY2YWatEFDnDPK0OyX7qTvgl0EgP8EqRMCZtIKtEACzmPfIABfCieM/s1600/dark-forest-hipster-indie-Favim.com-2201353.jpg" /></a></i></div>
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<br /><br />Querida Lu.<br /><br />O tempo passou muito rápido, não é? Ainda ontem eu estava sentada na mesa embaixo da escada de sua casa desenhando pinheiros. Lembra? Acho que desde que não a vejo mais, um pedaço do meu coração ainda está em partes pequenas. Também acredito que muita gente ao meu redor não entende de fato o porquê sinto tanto a sua falta, mas eu sinto. Você tinha um jeito só teu, sabe? Aquele acolhedor e sempre tão sutil. Sempre sem esperar nada em troca. Queria ter aproveitado mais. Ter fugido para sua casa quando as coisas não iam bem. Tipo agora. Como eu queria pegar o ônibus e descer na sua porta, e você estaria me esperando, provavelmente com a Susi no colo. Com aquela torta de frango e coca cola de vidro. Ou então brigadeiro. Ou seria um arroz e feijão quentinho e fresquinho? Tem sido difícil a vida aqui deste lado. Um vazio que me consome dia após dia. A rotina que não alimenta o desejo de continuar vivendo. O coração cada vez mais machucado e relutando para encontrar um pouco de paz. O corpo que pede descanso e a mente que não me deixa descansar quando eu mais preciso. Não sei como tem sido para você, mas aqui a gente tem que provar todo dia algo para alguém. Todo dia uma nova ferida que nunca cicatriza. Uma parte nossa que se perde e ninguém consegue achar - ou ter tempo para te ajudar a encontrar. Desse lado aqui, a gente passa tempo demais tentado ser boa e autossuficiente para todo mundo. Como se para que as pessoas te aceitem, você tem que dar algo e ser merecedor. A gente sabe que na teoria não é assim, mas quando chega na prática, durante a vida, fica difícil cair na real e entender que temos que ser quem somos; fazer o que queremos; e estar com quem nos merece. A gente também sabe que um dia isso tudo vai ser passado, e que não irá haver mais futuro, mas mesmo assim continuamos a brigar por besteiras. A gente defende ideais construídos com base no pensamento de alguém, quando deveríamos seguir o nosso coração. A gente enfrenta as pessoas esquecendo que são elas que movem o mundo. A gente esquece tanta coisa, Lu. Na hora da ira, não vemos razão ou sensibilidade. Não temos a noção do nosso poder de machucar o outro. Vivemos cansados e baseados no princípio de que temos que trabalhar a vida inteira para ter o que merecemos. E o que merecemos afinal? Essa pergunta ronda minha cabeça na grande maioria dos dias. Das noites. E dos segundos de ansiedade. Fazemos tanto para não termos nada. Ficarmos sozinhos. Enfrentarmos os próprios demônios no silêncio do nosso eu. Vivemos com hora para acabar e mesmo assim não aproveitamos. Volto a dizer que o tempo está passando cada vez mais rápido. Ainda ontem eu estava esperando o 103 com você no Jaçanã. E agora já estou aqui, acumulando fracassos, decepções e um monte de conta pra pagar. Nessas horas eu só queria te ver e me deitar toda torta no seu sofá com aqueles braços de madeira. Nessas horas eu realmente só queria correr até você. <br /><br />Meu amor de sempre (ou mais).</i>Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-21940474857038301382018-03-06T11:32:00.000-03:002018-03-06T12:30:06.867-03:00Entenda melhor <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVvZSFQPwWegmMZALOTFn8pJzG3VEZdtwJ-G2bjEHM3S_-y_ZnoRH-nOgKHx7AeSCYaEXmE4hhUnoTg4La4AQmCvkgUBrNjOjfvTstKzr30tci12lQ40L94B3K-VcAAwHWhkYAR_BAQUs/s1600/18013096_286613478417011_1224801682135711744_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="660" data-original-width="1080" height="388" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVvZSFQPwWegmMZALOTFn8pJzG3VEZdtwJ-G2bjEHM3S_-y_ZnoRH-nOgKHx7AeSCYaEXmE4hhUnoTg4La4AQmCvkgUBrNjOjfvTstKzr30tci12lQ40L94B3K-VcAAwHWhkYAR_BAQUs/s640/18013096_286613478417011_1224801682135711744_n.jpg" width="640" /></a></div>
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Como silenciar os demônios dos meus pensamentos quando as coisas dão errado? Parece uma avalanche de decepções, onde nem o motorista do ônibus colabora para eu chegar cedo em casa e me deixa com a mão acenando no ponto e passa direto por mim. Dessas coisas tão pequenas, por que a mente trabalha contra e me faz enxergar que tudo desmorona um pouquinho todos os dias? Onde está a linha que separa as pequenas derrotas diárias em águas passadas e apagadas? Por que dói tanto quando as coisas não saem como planejado? Eu sei, parece coisa de gente mimada, mas num coração ansioso, essas coisas fazem tanta falta. Desmarcar encontros parecem o fim de uma vida quando você mais precisa de um abraço apertado. Mensagens não respondidas doem mais do que grosserias. Eu não quero me sentir de novo como alguém que erra por gostar. Não quero me sentir idiota por me dedicar a alguém que planeja ir embora ao acordar. E o problema, por exemplo, nem é ir embora, mas me fazer acreditar que queria ficar. E são coisas como essa que desgraçam a minha cabeça e me fazem questionar a existência de pessoas boas e questionar as coisas boas que eu posso fazer por qualquer pessoa, afinal, não tem como não enlouquecer ao perceber que as coisas boas que fazemos podem assustar pessoas. Ou pior: não ser suficiente. E esse é meu receio com você. Obviamente prometer que não vai desgraçar a minha cabeça é algo que nem você nem ninguém pode fazer – nem eu mesmo com alguém -, mas eu falo assim para que lembre-se que eu não sou um brinquedo para se divertir e depois esquecer na prateleira. E tudo bem se você não souber lidar muito com esses alinhamentos sentimentais, você vai tentando porque o mais importante é tentar. O fundamental pra mim é você ter consciência do que é entrar na vida de uma pessoa; ter consciência do que é entrar na minha vida. Me conta qual é o seu momento na vida para eu saber como combinar com o meu.É que eu já levei tanta marretada no coração que hoje ele respira por aparelhos e tem sido devagar o processo de recuperação. Por isso meu receio com você. Por isso meu pedido para que prometa não desgraçar a minha cabeça e me fazer sentir pior que o lixo que eu descarto nas manhãs. Está tudo bem, mas vai ficar melhor se você me disser que entendeu o que eu quis dizer com tudo isso. É importante eu saber para que eu possa entender como gostar de você e continuar gostando de quem eu sou com você.</div>
Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-66192631934673535162018-03-05T10:07:00.000-03:002018-03-05T10:07:11.609-03:00prometa saber o que quer<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKUJIUjK9CF8gzUzaNxdzq4fywS-q9N2Q7tk8Wdt1wZfgro6eSqtJHr5feMGpTeuVfDsIK5_XC9YPTrgGTrW3ET5Ba5PlxfTZCTNmSqerBXyeiukfO8FnUHoNsz2Etq9rj87mkHbl6mdA/s1600/633.2521.neil-gaiman-ocean-az-ut-vegen.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="445" data-original-width="1024" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKUJIUjK9CF8gzUzaNxdzq4fywS-q9N2Q7tk8Wdt1wZfgro6eSqtJHr5feMGpTeuVfDsIK5_XC9YPTrgGTrW3ET5Ba5PlxfTZCTNmSqerBXyeiukfO8FnUHoNsz2Etq9rj87mkHbl6mdA/s640/633.2521.neil-gaiman-ocean-az-ut-vegen.jpg" width="640" /></a></div>
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Você chegou tão suave. Foi devagar, sem que eu tivesse tempo de pensar ou fazer conjecturas malucas. Chegou sincero. E me deu a certeza de que quando alguém te quer faz de tudo pra te conquistar. Não sabia se aquilo tudo ia pra frente ou se era só mais uma curtição. Então, mais uma vez, percebi que eu estava na melhor época. E vi que não sentia falta de nada. Quando a gente se conheceu me deu um embrulho no estômago. Depois, fui me acalmando. Aos poucos, as coisas foram entrando nos eixos. Você segurou a minha mão, me beijou, te abracei, você beijou a minha testa. E ali selamos alguma coisa que eu não sabia o que era. Naquele momento, surgiu a cumplicidade. E uma vontade enorme de que o tempo parasse por alguns segundos. Minutos. Horas. Dias. Meses. Daquele dia em diante, nunca mais nos separamos. Daquele dia em diante, fomos nos conhecendo através de <br />mensagens longas que falavam do passado. Daquele dia em diante, várias conversas falavam do presente. E muitos beijos anunciavam um futuro que nos esperava de braços abertos.<br /><br />Mas as coisas mudaram. <br /><br />Você está sempre em busca de alguém que te ame verdadeiramente, já percebeu? E quando esse alguém finalmente chega, você faz merda atrás de merda. Um acúmulo de decepções para quem, de fato, ama você. Não são apenas mensagens ou brincadeiras, são sentimentos que você entrega a qualquer uma. E até quando você vai continuar a culpar os outros pelo que você não consegue <br />ter? É preciso ser verdadeiro aqui. Ser inteiro. E se ainda estás pela metade, aquieta seu coração e ajeita as coisas ao redor. Eu te amei desde o primeiro segundo que te vi e você não sabe o que fazer com isso. Mas parece que é só algo como ridicularizar o que sinto e quem sou. E até quando você falará dos outros que te machucaram sem perceber que você é uma máquina de machucar as pessoas?<br /><br />Mas a verdade é que eu estou cansada.<br /><br />Principalmente de continuar sempre aqui. De entender seus motivos. De esquecer teus erros. Mas até quando eu vou me permitir isso? Você faz eu me sentir culpada pelos meus choros e pelas crises de ansiedade, mas no fundo é você quem as causa. E eu to sempre errada. Não é me vitimizar ou minimizar as coisas boas que fez para mim. De fato, foram muitas. E ainda tem muita coisa boa. Pode ser que ainda tenha muita coisa boa pela frente. Mas porque você não pode ser apenas o cara de uma única pessoa? Por que não se decide? Ou, se não se decide, porque quer tanto que eu fique? Para eu continuar vendo tudo isso e passar por cima de cada pedaço do meu coração que você insiste em quebrar? Por que me deixar por perto se ainda tem tantas dúvidas?<br /><br />Talvez seja porque você não sabe ficar só. <br /><br />E tá tudo bem em não saber ficar sozinho. Tá tudo bem não saber o que quer. Mas, por favor, não me mantenha por perto se ainda não sabe.</div>
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Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-26616861509462451502018-02-26T12:46:00.000-03:002018-03-05T10:02:33.158-03:00daqueles momentos depois do encontro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMEnxf5Be__byRI9_LP7Jiu6ZMOmLijSgXUymkKlAANiPtRuoy-hSXCZMXb12jaoZxlV-HMJ1eVBVSlvohyphenhypheniui4HjmeqM_ZAUjYWHZ1NTR3TrOdbtq4jwjhLe9dqwqLCE-Mm5gW29RXDY/s1600/c86eb0e1-ccc8-4ca4-b4cf-267320ea4cab.quality_lighter.inline_yes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMEnxf5Be__byRI9_LP7Jiu6ZMOmLijSgXUymkKlAANiPtRuoy-hSXCZMXb12jaoZxlV-HMJ1eVBVSlvohyphenhypheniui4HjmeqM_ZAUjYWHZ1NTR3TrOdbtq4jwjhLe9dqwqLCE-Mm5gW29RXDY/s640/c86eb0e1-ccc8-4ca4-b4cf-267320ea4cab.quality_lighter.inline_yes.jpg" width="640" /></a></div>
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Eu queria dizer coisas. Sorri um pouco pra mim? Me ajude a descobrir onde dói. Se ajoelhe na minha frente e deite no meu colo, vê se meu peito ainda bate, meça minha pressão, traga um balde pra eu vomitar, tem vick-vaporub? Eu juro, tentei mexer em alguma mecha dos seus cabelos bem cuidados. Não era possível mover o queixo e dizer seu nome seguido de promessas boas, mas estava pensando em você, em como não voltar a te fazer chorar pelos cantos. Eu tentava, no duro. Em algum nível, como você dizia, escolhi essa condição, embora sem saber como reprogramar meu cérebro. <br />
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Todos nós temos períodos trôpegos de dormência, de confusão, de enlouquecimento. E a gente costuma vangloriar, invejar os loucos, queremos refletir no espelho como tal, em busca de mera absolvição. Um louco é só um covarde que não suportou sentir a dor. Admito, talvez o processo de enlouquecer seja excitante, chacoalhando sua mente sonolenta com nervura, entorpecendo, fazendo notar ainda ser possível jogar-se com muito ímpeto ao pote. Mas, uma vez louco, sempre. E para o louco, toda loucura é normal. <br />
<br />
E eu quero mais, quero me surpreender, surpreender você. Quero voltar pra casa e plantar algum jasmim com seu cheiro. Só existe amor onde tem perfume e movimento – e a cama que não tem tempo de se recompor, e os recados curtos em papel amarelo e autoadesivo. <br />
<br />
É o seu cabelo, que de tão macio, faz meus dedos se perderem... E eu faria cafuné brega a noite toda em você, mesmo lá pelas 3 da manhã depois que o seu jogo terminasse e eu pudesse te sentir .<br />
<br />
E por cima daqueles lençóis vagabundos, não éramos somente dois corpos sedentos um pelo outro. Estávamos também com nossos corações despidos. Vi o quanto preza pelas pessoas que ama e eu senti uma vontade enorme de fazer parte das coisas que você leva consigo. <br />
<br />
-Vê se não faz igual a todos os outros e não se vá sem motivos ou respostas. Promete pelo menos conversar comigo e não me deixar cheio de pontos de interrogação? É que eu já sei como é se despedaçar e não quero passar por isso novamente. <br />
<br />
-E o que você fez? <br />
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-Quando eu fiquei aos cacos? Eu tive que aprender a me virar. Tinha a sensação de que o mundo era enorme, cheio de coisas desconhecidas, e eu senti medo da solidão, de não ter quem abraçar. <br />
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-São tantos os tontos... <br />
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-Que sentem medo quando ficam despedaçados e sozinhos? <br />
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-Não. Que tem medo de se entregar. Eu não deixaria você cair no chão novamente, por nada nesse mundo. <br />
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Não usaram palavras como especial, diferente ou qualquer coisa do tipo, apesar de terem se reconhecido no instante em que se olharam. Era o primeiro encontro, e não que isso fizesse diferença ou fosse alguma barreira para dar nome às suas emoções, mas era cedo demais para tentar nomeá-las; precisavam mover-se até os ponteiros se acertarem. <br />
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Não queriam ser um clichê empilhado de promessas. Ao invés de discutirem fidelidade e ciúme -previsível demais- trataram de levantar logo da cama e foram comer lanche natural com suco de maracujá, de madrugada mesmo, durante uma mordida e outra, planejaram mais “sim” ao invés de “não”, mais sorrisos, mais nudez e mais aqui. <br />
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Porque você é tudo o que eu preciso nesse exato momento é dormir com a sua cabeça no meu peito, sentindo seu cheiro. <br />
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De todas as coisas que você me deu, a melhor delas certamente foi a chance de escolher, escolher você, escolher ficar contigo e atravessar com algum alívio os dias que eu quero simplesmente morrer pra não ser intimado a depor sobre o meu sumiço.Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-27026288166168752332018-02-20T16:12:00.000-03:002018-02-20T16:49:52.302-03:00Sobre quem te vê sorrir mas que não sabe das suas lágrimas de ser quem você é<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5mFBwANLVXIIzkvPiZlwrh3wJGd6Now49Gh9JgmtVZQlUACP9BPdxX02KWemN6zrE2BYfQG2Zj6ZH2MB0zjjMAcPK6m16FBxogoCc_jTkqV-DHQ7FoXtyQAUtJ5dAiy4aJJbY9GdbUoE/s1600/CAGI5DNUIAAc5R_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="397" data-original-width="563" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5mFBwANLVXIIzkvPiZlwrh3wJGd6Now49Gh9JgmtVZQlUACP9BPdxX02KWemN6zrE2BYfQG2Zj6ZH2MB0zjjMAcPK6m16FBxogoCc_jTkqV-DHQ7FoXtyQAUtJ5dAiy4aJJbY9GdbUoE/s1600/CAGI5DNUIAAc5R_.jpg" /></a></div>
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Este não é um texto de autoajuda. É quase um autofragelo por ser 15:26 da tarde e eu estar sonhado com as 18h48 e o fim do expediente. <br />
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Só mais quatro anos para chegar aos 30. Essa, em tese, contagem regressiva tem tirado meu sono no quesito o-que-fazer-da-vida. Também penso em como a internet hoje está lotada de poetas e autores desconhecidos e motivacionais que, de fato, dão um certo alívio no final da leitura, mas que depois a gente acaba ficando na mesma. Eu fico na mesma depois de desabafar sem parar no meu blog, esperando algo que não vai cair do céu, ou que algo mude sem que eu tenha que me mexer.<br />
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E é aí que eu me sufoco. Vivo angustiada olhando pro relógio do computador que parece cravar sempre os mesmos minutos. A rotina, então, nem se fala. Sabe quando você se dá conta de que faz a mesma coisa todos os dias? O mesmo caminho, a mesma playlist no spotify, as mesmas postagens nas redes sociais e os assuntos rotineiros que são sempre a mesma coisa. <br />
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Fico pensando na minha carta de motorista que não consegui tirar. Ou da minha mãe pagando aluguel há mais de 30 anos e não ter uma casa própria. Ou dos boletos e mais boletos que não dão em nada. Do videogame que não consigo ter tempo de jogar. Da máquina de costura récem adquirida que não tenho tempo para aprender a mexer. <br />
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Tá certo. Há quem diga que as vitórias têm a ver com passos diários e com lutas silenciosas dentro da gente. Que há começos que são fins e fins que são só o começo. Isso até faz sentido fora da prática. Na hora de bater o penalti, quando o goleiro fica dançando na sua frente e tentando ficar um pouco adiantado, é sua decisão que vai contar. E o lado que você escolher pode ser errado. <br />
<br />
É difícil não se frustrar, não é? A gente tenta. A gente tenta não criar expectivas, mas não tem como. Quando a fundação do nosso coração sente-se instável ou quebrada, é difícil encontrar nosso balanço. Trabalho vira fardo, a saúde torna-se um desafio, a confiança vai por água abaixo e tomar decisões é mais difícil ainda.<br />
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Por outro lado, enquanto nós estamos lutando para encontrar nosso equilíbrio, também estamos de pé no precipício de possibilidades. E o que fazer enquanto a hora não passa? Tentar me acalmar e pensar que já passou quarenta e um minutos desde que comecei a escrever esse texto.<br />
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Talvez ajude.<br />
Ou só piore minha ansiedade.Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-12334260353505970112018-02-07T12:25:00.003-02:002018-02-07T12:25:34.887-02:00in the morning<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir6wVTQFLEReNHBj2KOn2g4hcCUBsFziboo2A0Qvizh08yJsHle7gfwD5skCXVu1H5CaqBZVokUiwFIgphXD00EOiF5hqZ2yCIJ__wy-Y18oCCrQlaa7aBMi_ZG6mG1MUN9CaoKxFynnc/s1600/winter+morning2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="533" data-original-width="800" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir6wVTQFLEReNHBj2KOn2g4hcCUBsFziboo2A0Qvizh08yJsHle7gfwD5skCXVu1H5CaqBZVokUiwFIgphXD00EOiF5hqZ2yCIJ__wy-Y18oCCrQlaa7aBMi_ZG6mG1MUN9CaoKxFynnc/s640/winter+morning2.jpg" width="640" /></a></div>
<br /><br />No inicio dessa manhã eu acordei precisando de você, tateando tuas mãos no escuro, querendo que elas ainda trancassem meu peito como um cadeado que só você sabe abrir. Acordei meio que de sobressalto e, como esperado, você não estava aqui pra dizer que tive apenas mais um sonho ruim, que eu precisava mesmo de um alguns segundos de massagem no peito pra adormecer tranquila e sonhar com você, como sempre me pede a cada despedida. No fundo, só precisava mesmo desse seu carinho meio sonolento meio preguiçoso, despretensioso - embora sincero - e das pontas quentes dos teus dedos passeando pelo meu rosto, até calçar a nuca e ficar por ali. Coloquei meus pés no chão – literalmente – e percebi que o curto percurso até o trabalho seria completamente tedioso sem os teus passos copiando os meus escada abaixo e quarteirão acima. <br /><br />Depois de levantar, vi que a bagunça de minha cama era, de certa forma, incompleta sem aquela metade do teu corpo me cumprimentando com gentileza por fora da minha manta de oncinha. Sim, porque contigo tudo fica em seu devido lugar, inclusive toda e qualquer desordem; porque contigo cada manhã de segunda começa como uma madrugada de sábado pra domingo, cheia de paz e preguiça pois, independente do compromisso marcado pras horas seguintes nosso romance-matinal-cotidiano sempre pode ser prorrogado por mais cinco minutos. <br /><br />Função soneca mais perfeita do que essa nunca existiu e devo admitir que sinto falta de acordar quinze minutos mais cedo e perder alguns instantes de sono pra ficar abraçada. Contigo, ser irresponsável pra algumas coisas tem um gosto até bom.<br /><br /><br />Só queria que você soubesse que – mais uma vez – acordei querendo dormir ao seu lado; ou pelo menos, te vendo dormir aqui no meu canto da cama, roubando meu travesseiro, respirando em modo automático, sereno e numa meiguice de fazer inveja, com as mãos em concha embaixo do rosto. Ou acordado também, reclamando do quão quanto você odeia meu ventilador sempre ligado.<br /><br />Que não se aconchegue demais e vá embora sem deixar rastros esse lance estranho que me invade ao olhar pra nossa cama vazia; tão estranho e cruel quanto os vários obstáculos quilométricos que vão se intercalando entre nossas expectativas-realidade ao longo dos meses sem nenhum tipo de cerimônia. Que não faça hora extra esse momento ‘sem-você-deitado-no-meu-ombro’ que insiste teimoso em várias madrugadas de insônia e sonhos irrequietos, soletrando cuidadosamente (num sorriso sacana que só você tem) que o sossego tarda e as vezes falha sim. Que esse infeliz acaso pare de me descobrir, me deixando ao relento da tua ausência. Que você entre por aquela porta vestido com a tua camiseta do homem aranha, repetindo docemente que nem nos seus melhores sonhos tu imaginava me encontrar, tão bem dito e bendito, me acordando de qualquer sonho bom ou ruim e trazendo boas doses de realidade, carinho e daquele café que mesmo você não sabendo fazer do jeito que eu gosto, é do jeito que é só teu.Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-37901744672398770642018-02-06T12:11:00.002-02:002018-02-06T12:11:32.441-02:00depois do abandono<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9f5z3W0ZCJ7xqLqM1n3QAPW67eS4YLvZg2agxHKWnB2CJJA5ndbByATgAA4EZc5j7THZTNr7d-EjQhMCAeuoiRKblgwyqMiJvj6cClKbGIJHyH-2TSG8vGVs19qxbO1RlBt2ImbL1Dqk/s1600/27459689_1776339582417877_5040876711172136876_n.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="305" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9f5z3W0ZCJ7xqLqM1n3QAPW67eS4YLvZg2agxHKWnB2CJJA5ndbByATgAA4EZc5j7THZTNr7d-EjQhMCAeuoiRKblgwyqMiJvj6cClKbGIJHyH-2TSG8vGVs19qxbO1RlBt2ImbL1Dqk/s1600/27459689_1776339582417877_5040876711172136876_n.png" /></a></div>
<br /><br />Comecei a te conhecer no dia em que te abandonei.<br />Foi a minha afirmação quando, dez anos depois, encontrei o que sobrou nas sacolas e malas espalhadas ao acaso no cantos da casa da minha mãe. Eu sorri e disse-me "o que eu fiz da minha vida?" mas os lábios só se morderam, me forçando a dizer "está tudo bem, isso também passa". Fiquei horas a pegar no sono, até que eu, nestas horas tão minhas, aprendi com toda a naturalidade do mundo que as coisas precisam terminar para a gente aprender o que de fato é nosso, seja por merecimento ou não. Mas antes de cair na real, precisei esbofetar a sua cara para depois te odiar lentamente e esquecer o que você significou todos esses anos no meu coração. De seguida, pensei em fugir de mim e depois voltar a minha sã consciência a tarde toda, e a noite toda daquela tormenta que custava a passar. Mas finalmente decidi não fazer mais nada e, lentamente, a esconder as minhas lágrimas e dores por dentro dos olhos. Abandonei-te da mesma maneira que você tinha me abandonado uma década antes. Não foi uma vingança nem sequer um castigo - como você costumava balbuciar. Apenas percebi que não precisava mais estar perdida dentro do que eu sentia e que tinha que ir pra longe de você, e dos teus braços e dos teus olhos sempre tão marejados e calejados de dor. Eu precisei ir pra longe de ti para entender que precisava ir pra dentro de mim. Pensei que provavelmente foi isso o que você fez naquele dia que me deixou, sozinha e esparramada de dor, no chão, para nunca mais voltar.<br /><br />Comecei a te conhecer no dia em que te abandonei, justamente quando você resolveu voltar. <br />Foi a minha constatação, poucos minutos depois, quando você, teimoso, me seguiu pela cidade, até o fundo da rua, com teu jeito tão cheio de fardos do mundo a carregar. Estive frente a frente, tantas mentiras, pra ouvir você dizer que estava finalmente com quem sabia te amar. Pensei comigo, enfim, que "sorte a minha não ter mais nada com você", porque agora não há mais nenhum ruído meu que você poderá calar. Na verdade você não disse nada porque você decora poesias como quem decora o telefone de casa. Mas o que de fato, você me disse, é que eu era a dona dos teus olhos. Eu e a Joana. Eu e a Mariana. Eu e a Renata. Eu e a Maria. Eu e a ciclana. Eu e todas elas.<br /><br />Terminei de te conhecer no dia em que me livrei.<br />Foi o que minha memória me lembrou, segundos depois, quando você, finalmente, se retirou das roupas, dos livros e das músicas da minha vida. Logo ali, naquelas escadas, toda gente percebeu que a única traição foi sentir teus abraços, por mais que tenha pedido tantos documentos que me comprovassem. De fato, nunca casamos. Soube, dias mais tarde, que todo o tempo você havia renegado. Sempre fugitivo. Ora dos meus olhos, ora da sua própria verdade. Fiquei presa durante dez anos. E havia fugido de mim. E tinha sido tempo demasiado.<br /><br />Sim, eu quero.<br />Foram as minhas palavras quando, no registro civil das lembranças do coração, como tinha de ser, lhe respondi que eu queria apagar de vez tua imagem, sempre tão fraca e melodramática.Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-52469330265414381512018-02-06T12:09:00.000-02:002018-02-06T12:09:58.309-02:00apesar de tudo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8RNV1zSRVtgIJr8lPjJMAgTv9y_eaIi15U3bUVo5QRFCfDBzdSXgVO0_uUnvTjm2071E09O7vCfWyzDEmqLx1zmLPSB9g3vja-FAy3QF0VLkzNgZeSrDM-TAHQOemfzuQTi_D1XhaTnY/s1600/tumblr_static_tumblr_static_eyazr9qtju0o8g8ww44ko4ss4_640.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8RNV1zSRVtgIJr8lPjJMAgTv9y_eaIi15U3bUVo5QRFCfDBzdSXgVO0_uUnvTjm2071E09O7vCfWyzDEmqLx1zmLPSB9g3vja-FAy3QF0VLkzNgZeSrDM-TAHQOemfzuQTi_D1XhaTnY/s1600/tumblr_static_tumblr_static_eyazr9qtju0o8g8ww44ko4ss4_640.png" /></a></div>
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pelo visto, eu ainda sou a menina parada na porta da escola, indo até a sorveteria toda as terças e quintas-feiras atrás do sorvete de sensação com cobertura de morango. de fato, sempre quis o óbvio e, talvez, o mistério nunca tenha me atraído. sempre com vergonha de tudo, dos sentimentos aos gostos, através de uma reclusão particular da minha alma. mas também nunca gostei do que estava na minha cara, de fácil acesso. sempre me apaixonei pelo mais complicado, pelo mais difícil. foi pelo impossível que criei amores e descobri que poderia amar, porque meso assim eu botava fé em tudo o que eu gostava. em tudo o que eu achava que poderia dar certo. em linhas gerais, um pedaço de papel sempre me fez traduzir o que ninguém conseguiria entender com palavras. fazia mais do que falava sem a intenção de ter. diante das palavras eu me deitava num espaço confortável. eu esperava pela hora certa de escrever ainda não estava preparada para encarar um oceano de possibilidades de uma que me aguardava. eu queria que tudo fosse sincero, desejava numa entrega muda de palavras com o meu destino. escrevo por dias, pensando em um único dia. entrego, me entrego. “O amor não é melado, o amor é doce. Não é dependência e muito menos explicação. O amor nunca esteve pronto antes de ser o amor. Ele assim como eu gaguejou, derrubou coisas, foi desajeitado e engraçado, foi simples. Ele escreveu o que não sabia falar dentro de mim, mandou eu te dizer, mas eu me senti como ele, então também copiei dele e decidi escrever antes de tentar falar, pois você não merece qualquer coisa. Amor é construído, nunca chega pronto. Não se percebe quando chega, não se pode filmar ou guardar nas gavetas, pois amor é desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores ele ainda será um desconhecido, assim como eu aqui agora. Então não me faça falar, só me deixe ser, só me queira ser assim como eu sou. Só me queira num querer mudo, assim como sem palavras eu quero você”. morrer de amor é o único motivo de estar vivo. percebo que sempre busquei o amor e nunca me arrependi.Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-14232438883576113012018-01-17T13:10:00.004-02:002018-01-17T13:10:41.394-02:00de tantas outras voltas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgcSgn0c7H4oqliW4j-t6kyBqIgN1qOQ67CsQD-4kAKBe4XIEdcPOuGpFIBRvslbaVwIvT1ARvxe5NnXWonqBtF_pRVXafT3MvZFrm-oOqm9ciK3gKYHPkQ0wqB7us2XJIFmqmZq-Hg2w/s1600/tumblr_static_tumblr_static__640.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgcSgn0c7H4oqliW4j-t6kyBqIgN1qOQ67CsQD-4kAKBe4XIEdcPOuGpFIBRvslbaVwIvT1ARvxe5NnXWonqBtF_pRVXafT3MvZFrm-oOqm9ciK3gKYHPkQ0wqB7us2XJIFmqmZq-Hg2w/s400/tumblr_static_tumblr_static__640.jpg" width="400" /></a></div>
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Não tem jeito: tem hora que meu coração parece, às vezes, querer sofrer tudo de novo. E a máxima de que a internet veio para diminuir a distância e a aumentar a comunicação é até válida, mas a verdade é que ela veio pra nos destruir um pouquinho todos os dias. Eu trabalho com ela. Eu estou o dia inteiro conectada, ala Black Mirror. Mas é pior do que isso: a internet me possibilita prolongar a dor. Vire e mexe eu vou atrás de alguma coisa. Tem dia que é o email marcado como favorito e como assunto "para nunca esquecer". Em outros, é indo atrás de algum resquício em uma rede social. Embora a memória seja colecionadora de momentos, cheiros, toques e tantas outras sensações, a internet é ainda o calabouço de todas as suas maiores curiosidades. Você quer saber como fulano está. Com quem ele está. Se ele continua mentindo. Se ele continua com as mesmas frases decoradas. Se ele ainda lembra de você. Não dói igual, mas é uma sensação estranha. E por que a nossa mente é treinada para fazer isso sempre quando estamos pra baixo? Também queria saber. Por que simplesmente não deixamos lá como estão? Talvez seja porque a gente precisa de uma lição de lucidez. Entender porque existe o fim. E porque existe passado. A verdade é que não adianta tentar escapar: um dia tudo volta à tona. E depois vai embora. E volta. E assim continuaremos.</div>
Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-28424994021198812592017-12-29T14:42:00.000-02:002017-12-29T14:42:25.571-02:00sobre as coisas que eu não sabia<div>
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<span id="docs-internal-guid-477e47cd-a323-469d-c17d-b7e8d030d5da"></span><br />
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<a href="https://cdn.sindonews.net/dyn/620/content/2015/08/12/149/1032068/kasus-mayat-wanita-di-kolam-terungkap-9fW.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="413" data-original-width="620" height="425" src="https://cdn.sindonews.net/dyn/620/content/2015/08/12/149/1032068/kasus-mayat-wanita-di-kolam-terungkap-9fW.jpg" width="640" /></a></div>
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Hoje me dei conta que, de fato, eu não sei lidar com muita coisa. Sempre estive ciente da máxima de que relacionamentos são confusos e que as pessoas (e até nós mesmos!) são capazes de ferir umas as outras. Mas, achava que sabia lidar. E eu não sei. Não sei lidar com a ausência. Ora aquela que bate enquanto estou na mesa do trabalho, ora quando estou há mais de quatro horas do seu lado te esperando sair do seu posto. Também não sei lidar com outras pessoas desavisadas no meio da relação. Amigos e amigas fazem parte, tá bom, mas nem todos são. Nem todos querem o bem uns dos outros. Em outras pessoas, só mora o desejo incansável do caos e de causar a discórdia. Tudo bem, você finge que não sabe. Mas você sabe. Lá no fundo você sabe como são as pessoas. Eu faço força pra me permitir ser forte. Mas eu não sabia que ser forte é um treinamento diário, onde eu quase sempre invento uma desculpa para não me levantar e ir atrás. Eu não sabia que eu não conseguia ser pouca. Que não me bastava apenas carinhos, dedos entrelaçados e conchinha confortável na hora de pegar no sono. Eu não me dava conta de que, no fundo, a gente cava a nossa própria cova em relacionamentos. Os erros se repetem. A gente não aprende. Eu não aprendo. Eu não me dava conta de que eu repetia sem parar as incansáveis caras feias e os olhos de tristeza por não ter atenção. Eu não sabia que um simples “oi” não dado me faria desmoronar como quem perde um ente querido. Eu não sabia que poderia sentir tanta falta dos olhos que toda semana estão nos meus. A gente não se dá conta, porque quando acontece qualquer coisinha, tudo desmorona. Cê costuma reclamar que eu faço tempestade em copo d’água, né? De que eu preciso resolver meus medos e receios. Mas como dissolver as mágoas do meu coração se você as repete, ora com uma baixa frequência, ora como quem sabe que tá fazendo algo de errado? Você não percebe. Mas, eu, sim. Eu não sabia que dava para perceber as coisas fora de órbita. Cê gosta de gritar a todos os pulmões que faz de tudo por mim, mas o que de fato faz? Um carinho no meio da noite? Um beijo de despedida? Um “eu te amo” decorado em cada boa noite? Não é isso, não. Sabe? Isso não é nada menos do que eu mereço. E vice-versa. A gente merece essas coisinhas do cotidiano. Sentir o toque, aumentar o arrepio, prolongar o beijo. Mas o que precisamos fazer-de-tudo um pelo outro é mais. É mais do que “cheguei” ou “to indo dormir”. É a entrega diária. É perceber quando o outro não está bem, se aproximar e só ficar ali. Não é uma avalanche de perguntas e de questionamentos. “Por que você não me conta as coisas?”. Eu não sei se você sabe, mas tem coisas que não dão para contar. Tem fardos que a gente leva dentro da gente que são impossíveis de se explicar. Só estão aqui, diariamente, saca? Tem sentimento que não dá pra mensurar o tamanho. Tem dia que desejo te amar daqui até o fim das estrelas, mas em outros eu só desejo desabar de chorar embaixo da minha coberta de oncinha. E pra que tanto nervosismo por eu ser assim? Eu não sabia que lidar comigo fosse tão difícil. Desde pequena escuto que sou difícil, quase impossível. Menina bonita do gênio forte. Bonitinha, mas ordinária. Respondona. Reclamona. Chorona. Eu não conseguia mensurar o tamanho desse peso nas minhas costas. Não é fácil, todo mundo sabe. Mas eu não. Não sabia que seria tão difícil o caminho até a aceitação. O caminho do alívio da culpa. Os questionamentos que faço e que são vistos como vitimismo e, pior: grosseria. Não aguento mais ouvir isso. Eu não sabia que uma palavra conseguiria derrubar tudo o que lutei tanto pra ser. E eu luto, apesar da preguiça, sabe? Eu luto pra ser alguém melhor. Arrependo-me das pessoas que já choraram por alguma besteira que falei ou algo que tenha feito. Se pedi perdão? Não. Mas sei dos meus erros. E tento compensá-los de alguma maneira. Eu só não me dava conta de que as pessoas não pensam da mesma maneira que eu. Minha mãe sempre me disse que eu sou ética demais e que isso é um problema. E é. Eu não sabia, mas perceber um erro que ninguém mais percebe não é uma qualidade. Porque, sim, o senso de ética muda de pessoa pra pessoa. Você não acha errado uma ex namorada te ligar e te importunar as três da manhã. Eu acho. Porque eu já fui e sou ex namorada de alguém. E sei me colocar no meu lugar. Sei que, por mais que sejam boas as minhas intenções, a outra pessoa pode se machucar. E olha, a gente se machuca. Já faz mais de dois meses que esse fato aconteceu e ainda me dói. Porque eu sei que você não entende. Eu não sabia, mas você não entende. A gente não entende o outro. A gente não está preparado para entender o outro em sua totalidade. Por que vejo tanta coisa errada, quando apenas poderia enxergar tais boas intenções dos outros? Eu não sabia, mas lá no fundo eu perdi a esperança nas pessoas. Porque não importam mais a reciprocidade, a confiança, a lealdade e o amor. O que importa é continuar aquela conversa com um “oi sumida” mesmo sabendo que isso vai me doer. O que importa é continuar preso ao passado mesmo sabendo que o teu passado tá pouco se lixando pra você. Eu não sabia, mas no fundo ninguém consegue superar. Eu não sei porque diabos eu consegui. E eu esperava que todos conseguissem. Eu esperava que a sinceridade prevalecesse. Que as pessoas não gritassem comigo. Que não me fizessem chorar. Eu não sabia, mas eu realmente não aguento mais derrubar lágrimas. Não aguento mais pensar. Levantar. Viver. Eu só queria que você entendesse. Que o amor, embora tenha crescido consideravelmente nesses últimos nove meses, ainda me falta. Que apesar de te amar como jamais imaginaria que conseguiria, eu ainda espero que você seja pra mim alguém que não me machuque mais. Porque eu não sabia, mas eu não aguento mais cair. Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-16195807702662759792017-12-19T07:30:00.000-02:002017-12-19T07:30:22.882-02:00isso também passa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWXZ3ZtLcRrFw0OWSqqz-fWb5ojwKRBAF70Cbzb3KtIwkE3aP5TTbBblLqdNaL6g5OPLsa2I_IftYKwHipl2NKELcBsHzpZvr8XyTZkpo_jY2yr-PrarUgIvORy02tci1zbN9Xmf9K7No/s1600/004EAQQ9SC.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="643" data-original-width="960" height="427" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWXZ3ZtLcRrFw0OWSqqz-fWb5ojwKRBAF70Cbzb3KtIwkE3aP5TTbBblLqdNaL6g5OPLsa2I_IftYKwHipl2NKELcBsHzpZvr8XyTZkpo_jY2yr-PrarUgIvORy02tci1zbN9Xmf9K7No/s640/004EAQQ9SC.jpg" width="640" /></a></div>
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"Era dezembro, ainda me lembro: o Sol..."<br />
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Fez sol naquela quarta-feira, as duas da tarde, enquanto eu corria pra pegar o 249. Fez sol no sábado, um mês depois, no parque da luz. Fez sol naquele sábado. Para ser mais exata, em todos os dias dezenove de dezembro fez sol. Com chuva. Mas não fez sol na segunda-feira de manhã, no dia que todas as minhas coisas estavam amontoadas no quarto, na sala e na cozinha da minha mãe. Aquele dia choveu não só no quintal, mas dentro do meu coração. É como se esse dia, tão cheio de não significados para as pessoas, descrevesse exatamente como foram os últimos dez anos da minha vida. Apesar de bonitos, cheio de tempestade. É incrível se dar conta de tanta coisa que já vivi, embora os quase vinte seis anos sejam tão pouco. Do que perdi. Passou. Mas também do que chegou. E aí entram parenteses porque contarei mais tarde. Por hora, a partir daquele ponto, dia dezenove de dezembro marca o dia que eu renasci. Do abismo que fui, voltei, e consegui encontrar uma única possibilidade de escalar. É engraçado como a gente não percebe o quão no fundo estamos do abismo. Do quão perto do precipício também. E de como não percebemos as milhões de possibilidades que temos de sobrevoar o próprio abismo. Deve ser porque há uma linha muito tênue entre a liberdade e a vontade de querer ficar. Então, recapitulando, dezenove foi, e é, agora, um dia para me lembrar das coisas que eu podia. Que eu posso. Nossa, quem diria que eu conseguiria sobreviver a esse dia sem angústias. Ansiedade. Medo. Receio. Mas passou. O amor pode passar, sim. A saudade também. Nossa, como a saudade pode passar. Custa, mas passa. Esse amor e a saudade só passam quando você percebe toda a dimensão de vida que lhe sobrou. O quão grande pode ser o recomeço. E o quão boas podem ser as perdas. Perder. Como que se perde algo que nunca foi teu? Como que faz para notar que algo, de fato, nunca foi teu? Custa. Custa muito. Custa algumas horas de dor. Um milhão de lágrimas e mais um pouco. Muita, mas muita falta de ar. Dor no peito. Nos ossos. No último fio de cabelo caindo da sua cabeça. Mas a gente nota. A gente finalmente percebe. A gente aprende que nada dura pra sempre quando uma pessoa não quer. Quando não vale mais a pena o toque. Quando o amor pronunciado é tão forçado. Quando tudo é uma chance para uma nova desculpa. Que me desculpe o poeta, mas mentiras sinceras realmente não me interessam. Não me interessava quem era no telefone as duas da manhã. Não me interessava as inúmeras questões de prova que corrigi, mesmo não sendo minhas. Não me interessava o melhor prato de comida que me fazia. Não me interessava os presentes caros, os shows, os carros, o sítio, a privada de dois mil reais que ainda não paguei ou a porra do apartamento de 90m². Não me interessava se tinha ou não dinheiro no mês. Não me interessava nada. Nada além da paz de espírito que procurei sentir naquele colo. Como procurei a paz, meu Deus. A gente procura por todo lugar algo que estava sempre na gente. Porque a gente quer o mais difícil. A reciprocidade. A empatia. O olhar no olho sem cobranças. O simples beijo de boa noite. A mão encostada quando o medo fala mais alto. Difícil, não é? Mas não impossível. Impossível é viver uma vida de tantas idas e vindas e não aprender fazer morada. Não aprender a deixar o outro ser nossa extensão de vida. A gente perde tempo demais achando que podemos mudar a vida de alguém. Tornar as dores do outro mais leves. Tornar o passo menos apertado. Mas a gente não consegue cuidar de alguém sem antes olhar para nós. E a vida te mostra isso quando tudo já estiver perdido. Mas mostra. Mostra que as lembranças vão passar. A dor. As lágrimas. A culpa. O remorso. Tudo nessa vida vai passar. Vai passar, é claro, quando a gente se permitir. A gente precisa saber a hora de deixar o outro ir. Mesmo você ainda sentido raiva de todas aquelas mentiras. Mesmo você tendo vontade de matar o ser humano que mentiu tão descaradamente na sua cara. Porque a gente sabe. A gente sempre sabe. Principalmente quando é a hora de desatar os laços. De ir embora. De finalmente deixar ir. Teu coração nunca mais será o mesmo. Mas ele vai aprender de novo. Vai deixar passar toda tempestade pra trazer, de novo, a mesma vontade de infinito. <br />
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Faz sol nessa terça-feira. Daqui a pouco vai começar a chover. <br />
Dezembro também vai passar.<br />
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Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-58252671554076537692017-11-18T14:56:00.002-02:002017-11-18T14:59:52.971-02:00todo fim é bom<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQmT9KVnpjqE4pJI4LXih8gGuIxaWwHsxv26p5CyvziMvhyphenhyphen4OFBFR56KmPOcDYnGGvodRHyj8e8JaElvDGzsyLtAkFUe-N4-wUf2yEig4gd3EfOKJ0K6rllffElscygED0ouhZHdG2_ro/s1600/large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="334" data-original-width="500" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQmT9KVnpjqE4pJI4LXih8gGuIxaWwHsxv26p5CyvziMvhyphenhyphen4OFBFR56KmPOcDYnGGvodRHyj8e8JaElvDGzsyLtAkFUe-N4-wUf2yEig4gd3EfOKJ0K6rllffElscygED0ouhZHdG2_ro/s400/large.jpg" width="400" /></a></div>
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Esses dias, me dei conta de que passou um ano. Um ano do meu
último fim. Existe um mito de que o fim acaba com todas as possibilidades. De que a
gente vai ficar petrificado com o que poderia ter sido. Do porque ter acabado.
Não preciso nem ressaltar que tal mito foi minha verdade durante algum tempo.
Eu vivia esse mito como quem vive um medo de morrer. <o:p></o:p></div>
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O fim era a morte, na minha cabeça. <o:p></o:p></div>
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Mas quando a gente está logo ali, no comecinho deste fim,
não tomamos conhecimento de que ele, muitas vezes, é libertador. O fim reafirma
que a gente precisa seguir em frente. Nossa, como precisamos seguir em frente.
Mudar de endereço. Matricular-se em algum curso. Conhecer gente nova. Sair para
outros lugares e aprender a decorar outros nomes de ruas e bares e
restaurantes. E nesse começo de mudanças, a gente percebe que precisamos
aprender outras funções para o nosso coração além de permiti-lo apenas sentir. <o:p></o:p></div>
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O fim muda o estado das coisas. <o:p></o:p></div>
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É como se a gente aprendesse na marra alguns ensinamentos.
Algo como: “você precisa entender porque está passando por isso. E por isso eu
sou bom: porque você vai aprender a entender”. Ele vai te ensinar a entender.
Vai te permitir não voltar atrás. Vai te mostrar que é possível cortar laços.
Vai te ensinar que algumas coisas são necessárias, outras não.<o:p></o:p></div>
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O fim de mostra que o seu momento é hoje. <o:p></o:p></div>
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Antes do fim, a gente vive presa ao passado. As amarras do
que vivemos. Também ficamos com o pensamento no amanhã. Que a gente não vai
aguentar se levantar amanhã. Mas, calma. Nós vamos. Porque temos muito o que
viver no aqui e no agora. Clichê, eu sei. Mas hoje tem muita coisa pra se
fazer. Foi assim que eu aprendi a superar o fim: aceitando viver um dia por
vez. <o:p></o:p><br />
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O fim não existe pra nos colocar sobre uma cama e desejar
que a vida termine. <o:p></o:p></div>
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É claro que nos primeiros dias, é difícil. Meu deus, é
difícil para um caralho imenso. É uma faca quente entrando frequentemente
dentro do seu coração. Mas aí você percebe que é no fim que a vida se inicia. A
gente ainda chora muito. A gente não se conforma. A gente vai atrás da dor. A
gente fica remoendo pra saber onde foi que erramos. Se é que erramos. Se é que
não era o momento errado. Eu sei que dói. Dói demais. Parece que o peito vai
explodir. <o:p></o:p></div>
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O fim te permite deixar as coisas para trás.<o:p></o:p></div>
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Você quer deletar as mensagens, fotos, sensações, cheiros,
gostos e tudo. Eu sei, também quis – e fiz. Mas, olha... pra quem está aqui do
outro lado, apagar ajuda muito. Há quem diga que bloquear qualquer lembrança só
desperta ainda mais dor. É você lutando contra você, mas se você está disposto
a lutar contra si próprio, é uma forma de deixar ir. É permitir que seu corpo
descanse um pouco, inclusive do fim. E foi só assim que eu consegui aceitar.
Foi só assim que consegui continuar: deletendo da minha memória toda e qualquer
lembrança, inclusive as boas. Não é um decreto: tem gente que consegue, tem
gente que não. Eu só funciono assim. Foi só assim que consegui me permitir. <o:p></o:p></div>
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O fim costura na gente outras possibilidades – e caminhos. <o:p></o:p></div>
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É como se ele dissesse: “e se você tentar esse caminho
agora?” Porque a gente precisa de outros caminhos. A gente precisa entender o
amor de forma diferente. A gente precisa experimentar, de novo, a sensação de
quando você está gostando de alguém e aquilo faz suas pernas bambearem, o
coração palpitar, o suor virar parte do seu sangue? A vida é sobre os ciclos e sobre o que podemos fazer com
eles e dentro deles. </div>
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O fim é um ciclo que precisamos navegar por ele. </div>
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Aproveitá-lo. Olhar no olho. Fazer perguntas. Tirar o melhor dele. Refletir sobre tudo até aqui. Mas
sem dor. Porque o fim traz muita coisa também. Autoconsciência de si, do mundo.
Entendimento sobre relações, o seu próprio estar nas relações, como seguir
menos doloroso, até porque sempre vai doer um pouquinho. Quer dizer, nosso
coração sempre fica apertado, machucado e cheio de remendo, já que o tombo foi
feio. A gente até pode seguir com o coração gelado, mas temos que seguir.
Continuar. Correr um pouco dessa estrada que é a reconstrução. Andar e
continuar andando nessa estrada que é olhar-para-si com mais disposição. Até
começarmos a correr a partir do ponto do fim para chegar do outro lado, o
recomeço. É como uma corrida ao contrário. Contra seu próprio fim.<br />
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E quando você começa a correr, não existe cansaço para si
mesmo. O fim não permitirá mais isso. Não se trata de fugir. Trata-se de deixar
para traz o lugar que você foi deixado. Trata-se de aprender a olhar para
frente, para os lados, ao redor, ao céu, para si mesmo como o centro do
universo, repetindo: “eu ainda estou aqui”. Porque a gente continua aqui. Mesmo
com tanta coisa ruim. Mesmo a memória sendo traiçoeira e te fazer lembrar
daquele sorriso gostoso ou daquele abraço apertado que era o teu porto-seguro.
Mas isso passa. E outras coisas aparecem. <o:p></o:p></div>
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Depois do fim, você se dá conta. <o:p></o:p></div>
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Sim, eu dei conta. 365 dias e 8760 horas depois, eu dei
conta. Muito mais sozinha do que tinha imaginado. E muito melhor também. Vou
guardar minha modéstia para outras coisas e me permitir o devido orgulho: Fui
foda. Fiz bonito, cresci, corri, conectei, me escutei, descobri, voltei atrás,
entreguei, me esforcei, escolhi – pela primeira vez de verdade, olhei meu
corpo, burlei o tempo, enfrentei o pior, saí de labirintos e, com sincera
labirintite, entrei em outros, amei muito, e por amor quebrei espelhos, ralei
joelhos, inventei novos limites, chorei – valendo. Lavei a alma. Sujei de novo.
E nessa loucura toda: Eu dei conta. “Sozinha”.<o:p></o:p></div>
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E aí, entram aspas. Eu não gosto muito de aspas. Do meio
que. Não é bem isso. Se não é pra dizer a que veio, duro e direto, nem derrama
pro papel. Mas enfim, as aspas. Porque se de um lado foi sim, muito sozinha, de
outro foi muito bem acompanhada. E esse é o ponto dois. Percebi, naquele mesmo
momento silencioso, que em mais uma ironia da vida, ou golpe de sorte, ou
evolução batalhada, justamente nesse ano uma rede de coisas incríveis se
formou ao alcance dos meus abraços. Por todos os lados. De todas as
partes. E eu me permiti começar de novo. Verbalizar a grandeza. Aceitar
as falhas, com amor. Agradecer, sempre que der.<o:p></o:p></div>
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Porque, no fim das contas, o fim é só apenas um recomeço.</div>
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Ana Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5662233305143929674.post-62079896596695164812017-11-13T15:23:00.002-02:002017-11-13T15:23:22.278-02:00Sobre a vida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjkGw9lQa3ACsTII8E_S4Ap_4OtcbXrlPxFwJmQmbnW3PahjzAfaGCnw0RX-xeV-vp4rl5kbgp639YR2_hlOMdLCaYqTio0cEA-9wIctogTTz095QYZWAawdMWcZbFrX-8jYIeldflB44/s1600/tumblr_static_tumblr_static_filename_640.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjkGw9lQa3ACsTII8E_S4Ap_4OtcbXrlPxFwJmQmbnW3PahjzAfaGCnw0RX-xeV-vp4rl5kbgp639YR2_hlOMdLCaYqTio0cEA-9wIctogTTz095QYZWAawdMWcZbFrX-8jYIeldflB44/s400/tumblr_static_tumblr_static_filename_640.jpg" width="400" /></a></div>
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a vida nem sempre vai te dar aquele abraço apertado de mãe, carinho nas costas, dormir no meio da tarde.<br />
às vezes é punição, é calor de meio-dia nos dias mais quentes de São Paulo<br />
ela nem sempre te sorri dizendo que vai ficar tudo bem e que é só um dia, um momento ou um período ruim.<br />
às vezes te faz arder e sentir como se você nunca irá sair dessa.<br />
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você até vai sair dessa, mas a vida gosta de enganar um pouco as pessoas.<br />
e quando você sentir um nó fechando sua garganta e lágrimas infinitas escorrendo pelos olhos,<br />
ela não vai te pegar no colo ou te aninhar no peito.<br />
ela vai ser meio cruel.<br />
sem te dar garantia nenhuma de que nenhuma dor é infinita.<br />
<br />
mas a gente aprende a tirar força de algum lugar dentro de si mesmo pra continuar seguindo por mais que os dias tenham gosto de remédio.<br />
e sempre vai ter um detalhe - uma mensagem, uma aula que você gosta, um passeio no meio da tarde - que vai te lembrar que a vida pode ser um pouco leve mesmo em meio aos caos do cotiano, à correria das provas, ao desespero da ansiedade.<br />
e quando os tempos melhores vierem, você vai saber que passou por tudo isso justamente porque precisava.<br />
<br />
a dor te tornará uma pessoa mais madura.<br />
e você vai perceber que ainda é capaz de vivenciar<br />
e entender, na pele<br />
o que a felicidade pode significarAna Clara Fujimorihttp://www.blogger.com/profile/18318742298803275061noreply@blogger.com0