Vasto Devaneio

Sabe quando aperta-te o peito
angustiado permanece preso?
Tente respirar com todo este peso
Sufoca a alma e o orgulho
Pensa que quero ferir-te?
Machuco a ti... e a mim.

Equívocos são como pedras,
atingem a cabeça que se põe a ressoar
Vibração que arde, corta o coração
Retalhos de sentimentos largados pelo chão
Colho-me; Varro-me.

Aspire meus erros e os jogue fora
Limpe os vestígios, lustre os absurdos
com esforço, talvez se tornem glórias.

Procuro a fronteira que me separa da exatidão
Sou imigrante, não tenho permissão:
Choco-me com a guarda violentamente
Mas sou fraca, perco a batalha sangrenta
Tanto sofrimento... hasteio a bandeira da paz.

É difícil negociar sentimento. Lidar com afetos e sobreviver a perdas. É um momento estranho, onde a gente acha que uma palavra dita sem pensar não vai machucar alguém. É claro que machuca. É claro que magoa. Eu sei que tem quem acredite que sofrer por alguém não seja um sofrimento passível de ser doído. Eu sei que há dores imensuráveis, que não dá pra se medir. Mas é inegável que é impossível ser feliz sozinho. É difícil viver sem ninguém, sem amar alguém. Por mais feliz que a gente esteja, sempre falta alguma coisa. Sempre dá para ir mais além. A gente é sempre capaz de acreditar outra vez, mesmo que a última tenha sido dolorosa demais. É difícil, mas não é impossível. Eu aprendi que não devíamos decretar solidão antes do tempo mostrar tudo. Têm milhões de pessoas no mundo, e a gente sempre espera aquela impossível. Amamos quem não nos ama. E quer coisa mais de louco que isso? Essa coisa de acreditar que tudo irá ser diferente, que nada vai voltar a doer. Somos idiotas. Idiotas apaixonados. Aí, eu me pergunto: quem disse que a gente aprende?

Eu começo 2013 com vontade de mudar. Eu preciso crescer e seguir o caminho que é colocado em meus pés. Nunca fui de me guiar propositalmente, muito menos de me entregar. Sempre me guiei com cautela, pensando em cada passo e em cada movimento. Vitimei-me em casos que não deveria ter demonstrado tanto peso. Chorei mais do que devia. Demonstrei mais do que queria. Eu preciso parar de sonhar acordada. Eu preciso parar de forjar enfeites em um carnaval que não vou comemorar. Guardo entrada de cinemas, de shows, guardo esperança, lembretes, sensações... mas guardo muito rancor. Eu preciso mudar. Eu quero mudar. Eu não posso dizer adeus pra mais uma pessoa, eu não vou suportar. Eu não saberei me levantar. Eu preciso perder peso, eu preciso perder meus medos e enfretar meus receios. Preciso ser forte. Preciso ter alegria em meu rosto e sentimento no meu peito. Eu preciso amar e ser amada. Preciso de um emprego. Preciso de dinheiro, mas preciso de felicidade acima de qualquer coisa. Eu vou lutar como se não houvesse o amanhã. Eu vou tirar as coisas banais da minha cabeça. Tirar a depressão dos meus dedos e dos meus sonhos. Eu não posso me importar. Eu devo ter sangue frio pra quando alguém se cortar. Eu preciso amar mais a minha mãe. Eu preciso aprender a perdoar meu pai. Eu quero mudar. Eu preciso. Preciso de uma luz. De uma força. De uma direção... e eu sei que eu mesma irei encontrar. E desta vez, eu não vou me decepcionar.