Como sobreviver a uma dança sem par?


É fato consumado de que todos nós - sem exceção - queremos um pé de valsa. Algumas ocasiões são as que mais deixam essa vontade a flor da pele, como domingos de tardezinha quando não tem nada novo na televisão ou no sábado a noite que todo mundo saiu, menos você. Além disto, pra piorar (ou melhorar) tudo, alguns dias da semana são predestinados a querer companhia para dançar. Mas a gente não tem. Nunca tem alguém que saiba dançar a nossa dança. Dizem que a gente é melhor sozinho. Mas como sobreviver a esta dança sem par? Não sei! Pergunto-me todos os dias e ainda não sei. Deve haver aquela dança que só se pode dançar sozinho. Isso tem graça? Nada é mais valioso do que ser conduzido por alguém que entenda seu ritmo. Ou que se movimente numa concretude sem igual. Eu queria não ter ensaiado todos os meus passos e todas as minhas melodias. Meu blues vibrante foi perdendo a cor e eu não decoro mais os passos que acreditava precisar fazer acompanhada. Somos um misto de danças e cores e ninguém tem tempo pra entender, muito menos ensaiá-las. Eu perco o ritmo devagar demais, e eu já não vejo graça nas coisas que dizem por aí. Meu peito transporta a mágoa que endurece meus pés, impedindo-os de bailar. Eu queria poder dançar até não parar mais; queria perder o compasso num estalar de dedos que duram mais que um segundo; queria não perder a delicadeza da minha ginga... queria dançar como se não houvesse o amanhã. 


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