das coisas que valem a pena




naquela madrugada após o teu aniversário, a gente conversou por muito tempo sobre como a vida às vezes é difícil, mas como também é possível mudá-la. eu chorava, como se esses meses todos que segurei o choro, desabassem de uma só vez; o que fizeram outras pessoas se afastarem de mim não fez você parar de me abraçar e de sussurrar no meu ouvido coisas que não esperava ouvir: sobre o quão boa eu sou. desde que você chegou na minha vida, eu vivencio na prática a minha capacidade infinita de me reconstruir. eu, que já estava quase que meio-caminho-andando-na-aceitação-da-vida, pude entender que tem coisas que foram feitas para nós, outras não. que existem milhões de pessoas no mundo que você nem imagina que existem e que podem existir no seu dia, mas existem.

e você me mostra diariamente que mesmo quando dói muito e a gente pensa que nunca vai encontrar um sorriso tão bonito
ou alguém que se encaixe tão bem no nosso peito e que tenha tamanha capacidade de entender as nossas histórias sem nexo,
a gente sempre encontra.

e
as dores sempre passam.
claro que partidas são sempre árduas e chegam mesmo arrancando pedaços.
os primeiros dias depois do fim são complicados.
uma mistura de saudade, medo, solidão e desesperança,
parece que o mundo inteiro nunca mais vai ter a mesma graça sem aquele bom dia antes tão esperado

acho que você me entende porque também doeu em você.
você viu que dói, mas que quase sempre dá pra seguir, mesmo com dor e saudade.

que
as coisas passam. a gente muda. a cabeça amadurece.
e até a forma de encarar as perdas se transforma depois de alguns amores.
a gente passa a vê-las não como o fim do mundo,
mas como um estágio anterior à construção de um novo momento.

o mais importante, apesar das dores, são as marcas que deixamos um no outro – e é por isso que as relações ainda valem.
é por isso que vale a pena quebrar a cara e machucar a própria alma com a despedida. pelo que fica.

você, por exemplo, me ensinou o bom de ser amada e a gentileza
que o amor ainda pode fazer.
me fez sonhar acordada com as músicas mais bobas do mundo.

mais do que tudo, você me enxergou
de um jeito que eu mesma nunca tinha me enxergado

e me fez ver o quão importante eu sou e o quão feliz eu deveria ser apenas pelo fato de estar aqui, viva; (mesmo que às vezes eu não me sinta assim tão bem com o peso que carrego nas costas)

você me fez mais boba, sim.
mais romântica (ok, nem tanto) e mais otimista.
você me ensina diariamente que dá pra ir até o fim dos dias e voltar à vida.

que eu posso ser do jeito que eu sou
gostar do que eu gosto
até ter esse jeito nervoso e emburrado quando tá com sono ou fome

que eu ainda vou valer a pena.
você me mostrou que o amor ainda vale a pena.

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