Doce

Eu brigo, deixo de falar. Guardo mágoa, deixo escorrer a dor pelos olhos toda vez que não me dirige uma palavra. Dói mais ainda quando me nega um olhar. Nosso gênio forte e a forma fria de dizer que ama. Sinto vontade de chegar do trabalho e deitar na tua cama, com o teu jogo de "O que você prefere, doce?", para me fazer pegar no sono e você ter que me carregar até meu quarto. Sinto falta de você tocando meu dedinho do pé, porque sabe que isso me faz rir. Eu sinto que não é tarde demais pra te abraçar de novo, mas parece que algo me impede. Esse algo deve ser esse meu orgulho ferido. Essa culpa que me atormenta toda vez que sai pela porta desejando nunca mais me ver. Mas eu sei que não é tarde demais, eu sei que me falta coragem de voltar atrás. Dói te ver apenas pelo retrovisor do carro todas as manhãs. Sinto falta de andar com o braço pela sua cintura e perguntar do que a sombra é feita. É falta de te ver aos sábados deitado no sofá com uma das mãos desembaraçando meus cabelos. É de você me chamando de doce. Sinto falta das tuas ligações ao meio-dia, todo os dias. Falta de encostar no teu ombro pra sentir teu cheiro e ficar sorrindo ao olhar seus olhos mudando de cor por causa do Sol. Sinto falta de dizer que meu amor por você era maior que um pote cheio de bala de goma, que costumava me dar aos finais de semana quando pequena. Mas eu não posso mais viver uma vida forjada de lembranças boas. Eu realmente preciso aceitar que essas coisas não voltam mais. Por mais que eu tente ou por mais que eu finja não acreditar, a gente já viveu o tempo certo. Só prezo para que, quando não for realmente tarde, você perceba que o tempo todo, meu tempo era teu.

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