Olho você todo santo dia, bem longe de mim. Mil pessoas passam e você sequer olha pro lado. É desse jeito que te conheci: Mais cabeça de vento, impossível. E pensar que faz tanto tempo. Acordei com uma vontade de largar tudo, de desistir dos meus gostos e voltar pra você, como se o tempo que deixamos para trás fosse apenas 10 minutos inconsequentes de raiva. Que vontade de sair correndo e pular nas suas costas como eu sempre fiz pra te assustar e me deparar com essa tua cara descarada de dizer que não se assusta com nada. Vontade de voltar pra tua casa e te trancar no quarto pra ouvir você tocar a guitarra tão bem quanto tocava meu corpo. É vontade de mandar você prender a respiração pra provar que é apenas mais um que não vai mudar o mundo respirando o ar dos outros. Vontade de ver você subestimando minhas piadas e no fim rir e dizer: "como você é besta". Que vontade de ficar andando na guia da calçada e você mandando eu parar de ser criança. Vontade de cantar as nossas músicas em comum. É vontade de você não parar de ser chato e implicante, de não se conformar por eu não sentir ciúmes e por não te ligar de cinco em cinco minutos. Vontade de esquecer você falando comigo ao telefone e dormir do outro lado por causa da sua voz calminha. É vontade de te ouvir falar "Para de rir, Ana, eu to falando sério!" e mesmo assim continuar com os olhos brilhando e ver que sou a besta de sempre que ri de tudo e não consegue mudar. É vontade de sentar no chão, no onibus, no metro ou onde quer que for e não se importar com os outros olhando. Que vontade de rir, de chorar e de amar com você. É vontade de voltar todos os dias pra casa do seu lado, como se isso fosse mais importante do que os minutos perdidos em beijos e dos dias esquecidos em memórias. Mas sorte a minha que é só vontade, que vem e vai num piscar de olhos antes que eu possa sentir saudade e me desgraçar em tamanha falta.