Não quero prolongar estes pensamentos, estas dúvidas, esta coisa que não é amor nem paixão, me fere, mas não me cura. Transborda todo
impotente, sorrindo desarmado, acabando com todas minhas chatices e
inconstâncias. Sumido, desavisado, mas que quebrou minhas pernas. Deu-me
vontade de crescer antes da hora. Suavizou todo o meu pecado, me fez dançar,
soltar as mãos e os dedos dos pés. E conseguiu tudo de mim, não entendo, mas
conseguiu. Conseguiu até o que eu não imagino: todas as minhas chances, cores e
ritmos. Mas, aos poucos, só notava sua ausência quando chegava mais perto, e eu abaixava minha
cabeça e via seus passos que corriam de um lado para o outro confirmando não
estar em sintonia com o meu falar. Eu sei que eu sou bem maior do que tudo
isto. De toda essa culpa, barata e suja, que eu não tenho em minhas mãos. Será
que eu fiz o certo virar problema? Eu só quero que essa dor, que parece não
ter fim, passe logo. Que estes últimos suspiros que me prendem a qualquer
lembrança do seu rosto, do seu jeito estúpido e doce, de me conquistar a cada
palavra sem esboço nenhum, de me preocupar com cada coisa para te falar, de
escrever bonito pra te fazer rodar perto de mim passem logo. Escrevo e
reescrevo, tentando esconder a verdade de todo mundo, mas eu não posso esconder
de mim mesmo. Eu não posso me deixar levar pelos outros. Sabe como é? Essa
culpa sem vergonha que não me deixa pensar em mais nada. São máscaras que foram
forjadas de enfeites. Cazuza que me desculpe, mas as mentiras sinceras nunca
foram meu ponto forte e nunca despertei interesse pelas mesmas. Meus dedos
percorrem a cama arrumada, inalando todo o seu cheiro guardado bem debaixo do
meu nariz. Prendo o que aspiro, não os meus erros, mas as lágrimas que insistem
em voltar para os olhos. Eu não consigo conter, não é culpa que eu sinto. Não
há o que jogar fora. Não há nada para se lustrar. São lágrimas de tristeza,
sim, por ter tentado tanto, mas tanto, que até eu mesma duvido. É por ter
criado um universo todo por alguém e, no fim, ele se desmanchar sem ao menos ter me dito “Obrigado”.
Quem sou eu
Grande mentirosa, mais besta que a besta e dona de um coração “viciado em amar errado”.
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