Sobre paranoias, incertezas e frio na barriga;

Um dia me contaram que eu ainda estava na idade de sentir frio na barriga e sorrir por isso. Nunca levei muito a sério, já que sempre fui uma pessoa que fugiu dos sentimentos e das sensações que amores e outros delírios pudessem me causar. Outro dia também me contaram que eu deveria colocar um ponto final nas coisas que já aconteceram na minha vida. Aquele amor mau curado ou aquela mágoa que insistia voltar nos momentos de ira.

A verdade é que, quando me contaram isso, estavam certas. Por que eu continuo a sofrer pelas coisas que já se acabaram? Isso, de certo modo, é alimentado pelos meus receios e medos do amanhã, já que eu sempre me questiono se o que deveria ser, não poderia voltar a ser. É como o meu primeiro amor. Eu sempre torci para que ele voltasse a me procurar, a me ligar pra dizer coisas que me fariam esquecer do mundo. Sempre esperei por ele, independente dos outros corpos e paixões que passaram por minha cama e meu coração. Eu sempre quis que fosse ele. Sempre. Em todos os momentos que me perguntavam se eu amava alguém, era ele que preenchia minha mente.

Não há dúvidas: sempre foi ele. Mas, agora que ele está, finalmente, mais perto de mim, eu já não tenho tanta certeza. Não tenho certeza do que quero para a minha vida. Não tenho certeza se quero me apegar, se quero me casar ou se quero passar longos-finais-de-semana ao seu lado. No fundo, eu só queria poder olhar pras suas bochechas, segurar as suas mãos e apenas - e só apenas - respirar tranquilidade. A paz que ele sabe me proporcionar. A felicidade que ele tira do meu riso e do aconchego bom das suas mãos.

Porém, o que me espanta é não ter certeza. Não ter certeza se isso será bom ou ruim. Não tenho certeza se deveria colocar um basta pra essa nossa história ou se deveria continuar até o nosso, enfim, final feliz. A questão disso tudo, e que mais me atormenta, é que não sinto mais frio na barriga. É um amor que não cabe em mim, mas que não responde as minhas perguntas. Não soluciona a minha insônia, quiçá revira meus pensamentos.

E neste momento, eu me pergunto se a minha amiga tinha razão, de que já era pra ter acabado. De que talvez o final feliz seja seguir em frente e finalizar essa coisa que não é amor nem paixão, que me fere e me cura todo santo dia.

No fundo, eu ainda estou na idade de sentir dúvida. De não saber quem eu quero. De não querer chorar por amores, mas de querer morrer de prazeres em noites sem fim. De não ter certeza de nada, mas mesmo assim continuar pra ver no que vai dar. Ou de não continuar e jogar tudo pro alto. De errar. De acertar, mas nem tanto.

A verdade é que eu ainda quero sentir o frio na barriga, que só o que é ele sabe me causar.

CONVERSATION

Back
to top