Sobre o que eu preciso dizer adeus
há só uma vida para viver e você ainda é tão inacabável em mim
há tanto frio neste calor quando você não está
eu já fechei todas as janelas, os olhos e o coração e não encontro maneiras de adormecer sem me drogar pelos remédios.
há tantas vozes pela cidade e vidas pelas ruas e nenhuma é você
há muito amor no meu peito que não se esvai
eu já não tenho nada para fazer, a casa ficou escura, a cama vazia, um silencio imenso que invade meu coração esperando que essa dor vá embora logo ou que eu entenda essa coisa que fizemos
- uma distração e o amor acaba
- uma distração e a vida acaba
- foi o que quis dizer.
há amores que parecem feridas
há feridas que parecem amores.
eu fui atingida e nem havia percebido. e já não existe nada, só uma dor que vai se alargando bem no meio do meu peito, uma dor que me consome, que me dilacera, que me abate.
- fomos dois estranhos unidos pelo matrimônio, pela sede de conhecer todas as coisas do outro, com as descobertas difíceis. eu não gostei de tanta coisa em você, e você não gostou de tanta coisa em mim. foram dificuldades, contas, lágrimas frequentes, xingamentos, mas eu esperava que você voltasse em si, ao território dos ombros, aos bilhetinhos, aos corpos, ao amor que existia desde o dia que nos vimos pela primeira vez.
- fomos tão felizes aquela tarde
- era tão simples perceber o amor.
há tanta coisa pra dizer adeus
há tanta agonia em meu coração
e eu já sei que a vida é pequena demais pra perdemos tempo gastando energia em algo que não envolva amor, nem a troca, nem o toque.
- eu estou farta de fugir. de não conseguir fazer o que eu quero sem que esteja aqui, de não ser capaz de dizer que não quando penso em você, de ainda acreditar que isso tudo foi um grande mau entendido, que você vai voltar a ser o homem que me conquistou naquele 14 de fevereiro, de ainda esperar que numa manhã destas você apareça no quarto e me acorde com um café na cama e um abraço que me diga que existe vida porque eu existo em você
- mas o amor quando acaba fica onde deixamos
- mas eu estou farta de fugir. é tempo de calar meu peito.
há dias que não são dias quando você não está aqui
há esta coisa aqui no centro do meu peito que não aprendi dizer adeus, mas percebo a grande e absoluta inutilidade dos meus braços sem poder te abraçar.
eu tento, juro que tento, outras músicas, outros poemas, outros olhares, invento que aguentarei, que tudo passa, que tudo é recomeço, que tudo não passa de uma dependência absurda, que vai passar, eu tento, juro que tento, mas pra que raios servirá a vida se eu não puder ter você aqui?
há amores que nascem para todos
há dias que nunca mais serão para nós.
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