sobre as milhões de versões de você sem nenhuma cor
a mesma foto no meu quarto
a mesma foto que tirei de você naquela viagem que fizemos.
você ainda diz as mesmas coisas para todas elas
o mesmo clichê de que elas são donas dos teus olhos, como dizia que eu era
o mesmo clichê de que encontrou a sua morada, como dizia que eu era.
você ainda vaga pelos mesmos lugares
pelos mesmos autores
pelos mesmos poemas
pelos mesmos artistas
e os eleva para tantos outros olhares que não o meu, como fazia comigo
não dá pra entender como alguém consegue viver uma farsa há tanto tempo
e mesmo assim todo mundo acreditar
eu tenho pena das pessoas que se relacionam com você
assim como eu tive raiva de mim por ter, um dia, te conhecido.
não quero desmerecer nenhum momento vivido com você
acredite, todos eles me fizeram algo bom e ruim ao mesmo tempo
e me transformaram na pessoa que sou hoje
não vou mentir que aprendi muito com você
aprendi a amar, a acreditar, a odiar e a desconfiar
e mesmo passando tanto tempo da minha vida presa às suas cicatrizes dentro do meu coração, tua partida me ensinou que eu poderia ser livre
não só para ser quem eu queria ser
mas para ser quem eu sempre fui
tendo a chance de chorar/sorrir/amar/odiar sem me desmerecer
me permitindo estar onde quero
como
e quando eu quiser.
enquanto você continua preso às suas amarras cotidianas
e a pessoa que nunca irá conseguir ser,
mas sempre será
tanto para você
como para as pessoas a quem se entregar
só mais uma pessoa passível de pena.
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