de tantas outras voltas


Não tem jeito: tem hora que meu coração parece, às vezes, querer sofrer tudo de novo. E a máxima de que a internet veio para diminuir a distância e a aumentar a comunicação é até válida, mas a verdade é que ela veio pra nos destruir um pouquinho todos os dias. Eu trabalho com ela. Eu estou o dia inteiro conectada, ala Black Mirror. Mas é pior do que isso: a internet me possibilita prolongar a dor. Vire e mexe eu vou atrás de alguma coisa. Tem dia que é o email marcado como favorito e como assunto "para nunca esquecer". Em outros, é indo atrás de algum resquício em uma rede social. Embora a memória seja colecionadora de momentos, cheiros, toques e tantas outras sensações, a internet é ainda o calabouço de todas as suas maiores curiosidades. Você quer saber como fulano está. Com quem ele está. Se ele continua mentindo. Se ele continua com as mesmas frases decoradas. Se ele ainda lembra de você. Não dói igual, mas é uma sensação estranha. E por que a nossa mente é treinada para fazer isso sempre quando estamos pra baixo? Também queria saber. Por que simplesmente não deixamos lá como estão? Talvez seja porque a gente precisa de uma lição de lucidez. Entender porque existe o fim. E porque existe passado. A verdade é que não adianta tentar escapar: um dia tudo volta à tona. E depois vai embora. E volta. E assim continuaremos.

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