the same old fears
Eu deveria me acostumar e entender que a vida passa. E que as coisas também passam.
Essa é a verdade que eu gostaria de contar quando a noite cai e eu fico sozinha comigo mesma. Só que eu não consigo. Em luta, meu ser ainda se divide em dois, uma metade que aceita e a outra metade que diz: não, eu não vou me acostumar com o que dói. Não é possível que alguém em sã consciência consiga viver tranquilamente sem pensar no que não foi. Ou no que foi e não deu certo. Ou o que deu certo, mas se foi.
“the same old fears” nunca me fez tão sentido como agora. Tanta coisa vem e volta o tempo inteiro na minha mente. Como vou passar os próximos anos com essa angústia que ninguém tira do peito? Como aceitar que as pessoas vão embora e não se despedem? Como entender o amor e o quanto ele pode mudar a vida de alguém? Eu não sei.
Esses últimos dias eu tenho tido um medo absurdo de morrer e não dar tempo. Não dar tempo de dizer tudo o que eu tinha pra falar e não tive coragem. Não dar tempo de refazer as pazes comigo mesma e aceitar que eu não tive culpa. Não dar tempo de falar coisas que sempre aparecem na minha cabeça, como o quanto eu queria estar com aquela pessoa em específico mas não disse porque eu pensei demais e achei melhor deixar pra lá. Puta merda. Eu sempre deixo as coisas pra lá e esse “pra lá” pode nunca saber o que de fato eu senti.
Vocês não tem medo?
Medo de acabar e você não ter feito nada? Ou medo de não começar um novo amor? Medo de deixar as coisas como estão por medo de falar o que sente? De mudar? De pegar o ônibus errado, mas acabar chegando ao destino final? Eu não sei dizer o que mais me dói nessa história toda.
Eu tenho medo e, as vezes, ele me paralisa.
Não sei direito o que eu deveria fazer. Ou o que é certo. Mas em nenhuma biografia romântica sobre a vida é possível premeditar acertos ou equívocos, não existem registros ou algo para comparar na mesma existência. A gente faz e vê depois. Não existe pessoa certa ou vida errada. Simplesmente nos impulsionamos em direção ao primeiro sinal de troca, alguma fagulha ou sensação que utopicamente nos distancie da morte, rejuvenesça, preste algum significado ao ato natural de trocar o ar dos pulmões.
Eu vou, simplesmente, em frente.
E quando isso passar, espero ter conseguido — um dia — dizer tudo o que queria dizer; fazer tudo o que precisava ter feito e não tive forças. Talvez, eu espero, que essa mania de ter medo por coisas que queria fazer e falar, e tentar e errar, finalmente tenha cessado.
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