Dia Seguinte

Eu juro que queria tentar, que queria ser alguém perto de você. Mas não consigo, é algo mais forte do que eu. Nunca dei as caras depois de uma noite qualquer, sempre me privei o máximo possível ao "dia seguinte". Sempre funcionou. Essa coisa louca que todo mundo espera de alguém depois de um simples caso, nunca foi relevante nas minhas preocupações. Eu ficava mesmo era preocupada com a minha mente, com o que pensaria de mim mesma após sonhos e fantasias depositados em alguém. Acho que foi por isso que me afastei tanto de quem eu queria por perto. Minha amiga dias atrás, por exemplo, disse que não via graça em quem perdesse tempo vendo um show de alguma banda que gosta. Falou: "Ah Ana, coloca a foto no computador, baixa o cd ao vivo e voilá! Bem melhor." Foi a partir dai que eu percebi que tenho coisas muito mais importantes pra fazer e sentir. Esse tipo de coisa faz parte da vida. E eu acho muito válido coisas assim memoráveis do que um simples "eu te ligo amanhã, pode ter certeza". Que foco eu teria na vida se eu não acreditasse que um dia verei Eddie Vedder cantando pra mim, e eu levantando as mãos pra sentir a intensidade da sua voz? Ou a graça do Amarante dedilhando aquela guitarra como se não houvesse amanhã? É disso que eu falo. É disso que sinto falta. Dessa intensidade. Não de cobranças ou promessas. Mas não adianta. Cansei de falar não para mim mesma. De fechar as portas quando tudo tende a dar certo. Eu cansei de sempre ter quem magoar com uma palavra e nunca quem amar com um gesto. Cansei de me cobrarem atenção e eu disfarçar com um "talvez, quem sabe". Eu não quero nada agora. Eu não quero negar mais alguém. Eu preciso aprender a dizer sim.
(eu só não sei como)
(eu só não sei como)
(eu sei mais tenho medo de errar)

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