Eu acho que é tarde demais para me despedir. Mais cedo ainda pra dizer que acabou. Se eu pudesse, se eu realmente tivesse a chance de me despedir de algo ou alguém, esse algo e esse talvez-alguém seria você. Se vivessemos em outro tempo, seria você também. Se tivessemos mais tempo, seria com você. Em qualquer circunstância, ora de adeus, ora de boas vindas, você. Eu me despediria dessa saudade que me remete a você. De quando me pego levantado um dos pés por causa da vergonha e lembrar dos teus risos por causa disso. Deixaria para trás todas as coisas que guardo de você, até mesmo do ursinho de pelúcia que eu lotei de pedra pra ser peso de porta. Diria adeus para as palavras que me disse com carinho. Para as outras que os olhos salgaram seus lábios de tristeza. Diria adeus ao nosso primeiro e ultimo beijo com toda a vontade e ternura que contiam. Diria adeus as tuas mãos ainda frias, segurando meu peito coberto de culpa. A todos os sábados que te esperava para almoçar e que sempre me deixava louca quando dizia que não iria comer. Adeus as sensações que me fez sentir e a felicidade que dei para você. Diria adeus ao calendário na parede da cozinha que insistia em cair quando procuravamos um ao outro, escondido e silenciosamente. Diria adeus aos teus abraços que valiam mais do que beijos e aos beijos que valiam mais do que palavras. Diria adeus aos degrais da escada que nos faziam sorrir toda vez que olhavamos pro céu. Mas na verdade, nada mais que eu isso, eu diria adeus para mim. Adeus por ter escolhido o lado contrário, sem te querer comigo. Adeus a minha frieza e a forma que não te quis como realmente queria. Adeus as coisas que não falei e fiz, por achar que faltava tempo mas que não deixava por receio. Adeus a falta que você me faz. Adeus para meu adeus. Eu só queria, nesse último momento dizer que... (o adeus foi mais rápido que a minha emoção).
Quem sou eu
Grande mentirosa, mais besta que a besta e dona de um coração “viciado em amar errado”.
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