Querida Lu,
Todos os dias eu volto pelo mesmo caminho. Mas só hoje pude reparar que aquele ponto de ônibus estava na minha rotina. Aquele ponto de ônibus que a gente ficava incansáveis horas pra voltar. Aquele ponto de ônibus que eu derrubei o prato de brigadeiro e você não parava de rir. Não sei, mas as vezes demora cair a ficha que você não está em sua casa como era de costume. Que você não vai preparar a torta de frango mais famosa da cidade. Fiquei minutos olhando para o ponto de ônibus e relembrando a melhor época da minha vida: a infância. Mas que só foi boa porque você estava nela. Porque você me chamava para ir ao teu encontro e me esperava neste mesmo ponto. Só valeu a pena minha infância porque tinha você me ensinando a desenhar pinheiros, cozinhando comidinhas e falando "não precisa tomar banho hoje". Meu deus, Lu. Que falta você me faz. É uma falta que dói tanto. Dói saber que nestes dias que custam o viver você não está aqui para eu fugir pra sua casa. Dói saber que eu não tenho seus braços para fugir. E olhando esse ponto hoje, mesmo depois desses longos anos sem você, dói saber que ainda falta muito pra gente se encontrar. Sinto sua falta, Lu. Sinto muito a sua falta. Mas, que sorte a minha ter você na minha lembrança. Que sorte a minha ter vivido ao seu lado. Espero que as dores na sua perna tenham aliviado. Espero que sua dor da vida tenha aliviado. Porque a minha saudade ainda não aliviou.
para Lu
Com meu amor de sempre
(ou mais).
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