olha só, rapaz



Era como se eu pudesse te falar ou te cantar, assim, na cara de pau, loucamente com as palavras do Benedetti ou do Neruda. Eu só te digo que não vou esperar pelo o amor em vão, mas você não entende, parece que não pegou a referência em português de uma música em inglês, num tom de quem é quase bilingue e eu só queria mesmo que você entendesse qualquer um dos meus idiomas ou formas de falar para você aparecer ou deixar que eu apareça, agora e no dia seguinte. Talvez no próximo dia, também, sei lá, vai que você queira ir numa exposição e pense que eu possa gostar de algo. Estive tão perto de você, que às vezes eu lembro do meu desejo de que apareça alguém – que na verdade era você - me dizendo que vai ficar tudo bem, que me conforte e me faça carinho e assim eu me esquecerei de toda a minha tristeza, porque haverá uma mão sobre minha cabeça, enquanto me consola e diz coisas boas e reconfortantes. Eu desejo isso, às vezes. Mas, não sei se já reparou, que o mundo inteiro do meu interior faz grave greve, costura meus lábios feito tricoteiras sábias do Nordeste, bonitas, mas que não me permitem dizer nada além do comum oi-como-vai-eu-vou-bem-que-bom-que-você-também. O amor quer que eu seja rebelde. O desamor me faz ser careta. No meio disso tem eu: um completo vazio recheado de dúvidas sobre o futuro, tristezas do passado e uma vaga esperança de que agora é a minha vez de ser feliz. Será que são as forças do Universo que me compelem a cair, mas sempre me levantar no final? Talvez sim. E isso é a melhor coisa que eu poderia desejar. Um corpo saudável, uma mente quase sã, mas que tem toda a capacidade de fazer coisas incríveis. Basta eu querer e desejar. E eu te desejo tanto. E eu gosto tanto de você. Como que diabo não percebe? A culpa não é tua, que fique claro. Eu só fico divagando em frente a este computador nove horas do meu dia. Sempre me orgulhando da profissional que me torno, mas nunca do meu coração que está cada vez mais vazio e que queria cada vez mais você.

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