Botões

Achei que haveriam rosas. Que aquela imensidão fosse me trazer lembranças. Me trazer saudades de alguém que a muito eu deixei de sentir, de viver. Pensei que me recordaria daqueles dias sentados ao nada, de horas que passavam tão depressas e por isso, tanto medo de passar por aquele portão, rumo a um caminho de pedras dentre as árvores. Mas não...
Minha cabeça estava concisa, eu possuia uma alegria jamais sentida. Uma paz. Tranqüilidade, enfim. Caminhei tentando não avistar as rosas, achando que elas ainda estariam ali. Passei pelos bancos e nem os notei. Olhei as pessoas... Eu pude senti-las apenas com o olhar. Senti o cheiro, ouvi os barulhos. Eu estava realmente ali, apesar de meu pensamento se distanciar em algumas frações de segundos, mas isso não importava, eu conseguia voltar a realidade.
Caminhei em círculos, em linhas retas e também estreitas, sem destino. Sem rumo. Não poderia tirar o sorriso de meu rosto, eu não teria motivos para não sorrir. Eu olhava aquela vida ao meu lado. Tão distante mas ao mesmo tempo tão nítida que eu queria ter segurado sua mão. Não, não por amor ou qualquer outro tipo de carinho. Eu apenas queria saber se ela também estava ali. Se aquele que eu observava estava ao meu lado ou se era fruto de algum delírio de minha mente.
Olhava ao redor e tudo parecia fazer sentido. Ou não, como me perguntei às vezes o por quê de minha presença ali, naquele lugar. Os minutos foram passando e aquela conversa estava tão boa que eu até duvido que houve tal. A propósito, a tempos eu não ficava feliz da maneira em que estive. Feliz apenas por ter vivido um dia bom, longe de preocupações e injúrias do cotidiano. Parecia que a vida que estava comigo eu já conhecia a tempos, devido a proximidade que havia no local. E essa vida me trouxe uma calma, uma alegria tão imensa que eu jamais esquecerei disto.
Por fim, incrivelmente avistei apenas botões de rosas em um pequeno grande quadrado de grama, e que elas iriam nascer dentre alguns dias. Nesse momento eu pude entender o porquê das lembranças e da minha memória me faltarem: era a certeza de que nasceria dentro de mim, tudo aquilo que eu desdenhei por causa da dor.

Obrigada pelo dia.

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