Voltei pra casa correndo. O sofá tão cinza me esperava, como de costume. E de braços abertos. Confortei-me em busca de inspiração, mas o vermelho das minhas cortinas não me deixaram pensar. Fiquei a me culpar. Por quê?
Simples, eu só escrevo sobre amores, decepções, saudades. Ah, como isso me irrita!
Eu só queria escrever algo novo.
Levantei e fui pegar o bloco bege que estava me chamando. A ponta do lápis fica a quebrar e eu, não tenho o que por em linhas. Acabo caindo por terra. Desisto, pensei demais e não estou nos melhores dias.
Aumentei o som e fui embora. E como de praxe, tropecei nos degraus e a dor maior não foi a do cair e sim da dúvida de não saber pra onde ir. Tentei me reerguer, apesar de tantos soluços em meio ao riso que não queriam me deixar pisar firme ao chão. Mas por fim, consegui (alguma coisa eu teria que conseguir).
O telefone tocando, perguntas me atormentando. Enfim, sai.
Abaixo a luz da Lua, estive a esperar o nada. A sentir saudade daquilo inexistente. Amante solitária do brilho a me iluminar. Eu preciso, sinceramente, de motivo ?
Sai por ai sem lugar, descrente a imaginar que não iria me encontrar. As cordas passavam pelos meus dedos arranhando algum tipo de som enquanto a calçada, fria e suja, se fazia de assento.
Acabou que a noite passou, gélida e calada. O riso ao ver a chuva começar a me molhar, tomou conta de mim. Voltei pelos mesmos degraus que não são confiáveis. Foi diferente, conclui.
Lembrei de você, só para não ser igual.
Quem sou eu
Grande mentirosa, mais besta que a besta e dona de um coração “viciado em amar errado”.
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