E toda essa culpa, barata e suja, esses destinos desviados, todo pudor e desacatos se perdem cada vez mais. E mais e mais. Me culpo mas não é problema meu. Ou será que fiz o certo virar problema? Eu só quero que isso passe logo, esses últimos suspiros que me prendem a qualquer lembrança do seu rosto, do seu jeito estúpido e doce, de me conquistar a cada palavra sem esboço nenhum, de me preocupar com cada coisa para te falar, de escrever bonito pra te fazer rodar perto de mim, de esquecer de cada gota de álcool que eu trouxe pra dentro de mim, de me fazer crer nesse estado inimaginável de loucura e paixão. De tanta coisa, meu Deus. Escrevo e reescrevo, tentando esconder a verdade de todo mundo, mas eu não posso esconder de mim mesmo. Eu não posso me deixar levar pelos outros. Sabe como é? Essa culpa sem vergonha que não me deixa pensar em mais nada. Não pergunte, eu não sei que culpa é essa. Talvez não seja ela mesmo. Realmente não é problema meu, chega dessa história de me revirar, falar e falar e não dizer coisa com coisa. Escuto esses sons, vejo toda essas mascaras forjadas de enfeites. Há cores mas o que falta é vontade de colorir. Pra que tudo isso se eu posso abstrair todo esse medo por culpa, por pesadelo e por peso? Meus dedos percorrem a cama arrumada, inalando todo o seu cheiro guardado bem debaixo do meu nariz. Prendo o que aspiro, não os meus erros, mas as lágrimas que insistem em voltar para os olhos. Eu não consigo conter, não é culpa que eu sinto. Não há o que jogar fora. Não há nada para se lustrar. O que eu sinto é nada. Eu realmente não sinto nada.
Nada
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