Dopada pelo meu sono, o braço direito completamente para fora da cama, enquanto os pés tremem de frio por causa da minha mania de nunca cobri-los. Eu deveria ter tomado mais remédios, pra evitar meus pensamentos gritando comigo. Eu vi nome por nome, telefone por telefone, procurando alguém que conseguisse me distrair. Bobagem, nenhum deles ficaria acordado até tarde para me fazer pegar no sono. Me fazer pagar altas contas pelas horas de uso no celular. Não falaria baixinho me chamando de baby, quando eu mais precisasse esquecer dos meus medos. É dessa coisa que sinto falta, dessa atenção para quando eu estiver falando. De se preocupar perguntando se não quero dormir. De mesmo estando do outro lado, falar para conversar deitada, pro sono vir mais rápido. Por ter sido mais um domingo, mais um mês que passou e não saber por onde você anda. Eu te vejo transbordando de satisfação, enquanto sorrio entendendo o porque desse caminho desviado. Oito anos é tempo demais. É muita coisa diferente. Não digo gostos e idéias. Digo de futuro e ideais. A forma de querer viver o presente. Dessas coisas tão grandes que eu sempre quis fazer pequenas. É desse pensamento da minha vida acabar sem eu querer. Egoísmo da minha parte ou pura vaidade, tanto faz. Achei que tivesse perdido isso. Eu perdi. Eu perdi o tempo que esteve do meu lado, nessas ligações minimas que me faziam bem. É de conforto, é de sensibilidade. E não adianta, os minutos continuam a passar e eu não consigo pegar no sono.
Cada vez mais
Quando peço pra te ver, parece ser maior que eu. Não meço esforços para isso, vai além do que meus olhos podem ver. Sinto uma paz absurda, como se não precisasse me preocupar com meu cabelo desarrumado ou com a minha falta de atenção. O riso se faz quando vejo os seus olhos de encontro aos meus, das suas mãos quentinhas e do jeito quieto de dormir. Deveria entender que os outros não são nada perto de você, desse teu modo de me manter cada vez mais apaixonada. Cada vez mais presa aos dias que não está comigo (de corpo presente). Cada vez com mais vontade do que da última. Me pego procurando palavras que cheguem ao pé das suas, mas caio por terra. Nada do que direi será capaz de chegar aos seus pés. Esse teu jeito lindo de ser quem és, de me fazer repetir tudo em todos os textos, em todos os sentidos. E eu vou me perdendo cada vez mais, bem lentamente, tentando achar a cura para essa diabete de incertezas que tanto me tira o sono, quando tento te decifrar. Mais e mais, mesmo e melhor. Sinto que és doce, só me resta ser (com você).
CONVERSATION
Querida Lu,
É estranho pensar que essa viagem vai durar muito mais tempo do que eu pensei que duraria. Continuei a desenhar todos os pinheiros, do jeito que me ensinou. Usei cor por cor, colorindo um dia de cada vez. Dormi inúmeras noites no sofá, me negando a ir pra cama pra não pensar em besteiras. Lembrei dos doces e salgados que fazia tão bem e que hoje ninguém consegue fazer igual. O meu aniversário passou e eu guardei as moedas, naquele pote antigo que tirei da sua casa. Esses dias, parei naquele ponto de onibus do Jaçanã com um amigo e me lembrei do prato com brigadeiro que deixei cair no chão. Ai que saudade boa que me bateu. As coisas continuam tumultuadas. Os pais, avós e tios continuam os mesmos: nunca se entendem mas ainda assim se amam. Sinto sua falta cada vez que abro a janela da minha nova sala, fico olhando pra essa imensidão que não faz você voltar. Sonho com isso como se fosse realidade. E é tão lindo ver que não sofres, que não chama seus filhos a beira da cama e que continua com aquela graça contagiante que sempre me fez esquecer dos pesares lá de casa. Eu fico pensando se estivesse aqui, você continuaria a me entender. Essa coisa, de nunca querer ir além, de sempre ficar esperando as coisas acontecerem na maior boa vontade, sem ter pressa de ir atrás. Esse meu jeito inquieto, a ovelha negra da família a qual todo mundo briga e que nunca consegue ficar com raiva de ninguém. Ai Lu, por que fostes pra tão longe? Era mais fácil não telefonar ou não dar susto na gente em "primeiro de abril". Me pego sentada no portão da sua casa, vejo os meninos brincarem com os outros e eu chorando querendo ir junto. Do seu jardim de inverno dentro da casa, daquele sofá de madeira de um lugar que eu amava dormir. Espero que volte logo ou que, mesmo se não voltar, quando eu estiver pra ir, você esteja para me esperar. Me esperar do jeito doce que sempre esperou. Com as mãos abertas e um beijo na testa que tranqüiliza qualquer vestígio de dor. Eu entendo, agora, o porque sinto sua falta: era com você que eu sabia quem eu era (e tinha a certeza de que alguém também sabia).
amo você pra sempre.
É estranho pensar que essa viagem vai durar muito mais tempo do que eu pensei que duraria. Continuei a desenhar todos os pinheiros, do jeito que me ensinou. Usei cor por cor, colorindo um dia de cada vez. Dormi inúmeras noites no sofá, me negando a ir pra cama pra não pensar em besteiras. Lembrei dos doces e salgados que fazia tão bem e que hoje ninguém consegue fazer igual. O meu aniversário passou e eu guardei as moedas, naquele pote antigo que tirei da sua casa. Esses dias, parei naquele ponto de onibus do Jaçanã com um amigo e me lembrei do prato com brigadeiro que deixei cair no chão. Ai que saudade boa que me bateu. As coisas continuam tumultuadas. Os pais, avós e tios continuam os mesmos: nunca se entendem mas ainda assim se amam. Sinto sua falta cada vez que abro a janela da minha nova sala, fico olhando pra essa imensidão que não faz você voltar. Sonho com isso como se fosse realidade. E é tão lindo ver que não sofres, que não chama seus filhos a beira da cama e que continua com aquela graça contagiante que sempre me fez esquecer dos pesares lá de casa. Eu fico pensando se estivesse aqui, você continuaria a me entender. Essa coisa, de nunca querer ir além, de sempre ficar esperando as coisas acontecerem na maior boa vontade, sem ter pressa de ir atrás. Esse meu jeito inquieto, a ovelha negra da família a qual todo mundo briga e que nunca consegue ficar com raiva de ninguém. Ai Lu, por que fostes pra tão longe? Era mais fácil não telefonar ou não dar susto na gente em "primeiro de abril". Me pego sentada no portão da sua casa, vejo os meninos brincarem com os outros e eu chorando querendo ir junto. Do seu jardim de inverno dentro da casa, daquele sofá de madeira de um lugar que eu amava dormir. Espero que volte logo ou que, mesmo se não voltar, quando eu estiver pra ir, você esteja para me esperar. Me esperar do jeito doce que sempre esperou. Com as mãos abertas e um beijo na testa que tranqüiliza qualquer vestígio de dor. Eu entendo, agora, o porque sinto sua falta: era com você que eu sabia quem eu era (e tinha a certeza de que alguém também sabia).
amo você pra sempre.
CONVERSATION
Bem vindo, ano novo
Lembro que li de um amigo, que cada aniversário era como se fosse um ano novo. Isso faz muito tempo, nunca tinha entendido muito bem. Antes de dormir ontem, eu fui parar pra pensar que 19 anos poderiam muito bem ser o meu ano novo. Eu que não queria acordar nesse ultimo dia treze, por conta de tudo o que vivi nos 18. Pobre imaturidade, falta de atenção para com as coisas que ainda tenho que viver. Se fosse fazer uma retrospectiva desse ano que passou, diria que foi intenso desde o primeiro segundo até o último. Repito quantas vezes forem necessárias o quanto fui feliz, o quanto vivi cada segundo não desejando mais que isso. Essas coisas de 'estar com quem queria, fazer o que deveria' se encaixam super bem nos meus dezoitos anos, mas acho que daqui pra frente meu metabolismo começa a desacelerar, meu corpo padece e minha 'cabeça' quer cada vez mais se manter sadia. Tudo, tudo o que eu fiz só me deram a certeza de que vivi intensamente. A todos que acrescentaram algo em minha vida, mesmo os que não estão presentes como eu gostaria... e a tudo o que me fez ser. Que seja um ótimo ano. E que eu não me entregue sem antes entender todos os 'porquês'
CONVERSATION
Ou meu
Falo alto quando quero, dou risada o tempo todo. O Pessoal insiste em dizer que sou feliz demais. Outros dizem que é pra tampar a tristeza. Não tenho paciência com nada, durmo do jeito que quero quase caindo da cama. Não faço escândalo e ninguém precisa ter vergonha de mim. Sou do contra e acho tudo uma grande palhaçada. Dramática, exagerada e confusa. Não necessariamente nesta ordem. Adoro fruta com sal e ninguém me suporta. Ou quase ninguém. Sou exigente quando se trata da felicidade dos outros, mas isso pouco te importa. Posso até ser grossa, mas amo intensamente cada um que está comigo e isso não lhe diz respeito. 'Sinto o absoluto dom de existir'. Amo tudo isso que me faz ser. Sou uma eterna apaixonada, que vive sorrindo e suspirando pelos cantos. No fundo, eu sou tímida, quieta e chorona. Mas, se eu sou assim ou de qualquer outro jeito, vai ser problema meu. Revoltada e casual demais, Ana Clara. O prazer é todo seu. Ou não.
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Gosto de Laranja
- A senhora pode fazer as minhas unhas?
- Que pergunta, você vem aqui todos os sábados, sabe que a resposta será sempre sim.
- Vamos falar sobre o tempo?
- Qual tempo?
- O que a gente vive.
- Ou o que a gente ja viveu?
- Pode ser.
- Mas será que dá tempo?
- Tempo pra que?
- Pra falar disso, oras.
- Mas agora eu quero falar sobre amor.
- Por que?
- Ah, quer coisa melhor do que isso?
- Você gosta dele?
- Dele quem?
- Do amigo dos meninos.
- Ah, gosto.
- Gosta?
- É, gosto.
- Não, você não gosta.
- Ahn?
- Você gosta de laranja.
- É...
- Isso é gosto, não amar.
- Mas eu não disse que era amor.
- E gostar não é amar?
- Não sei.
- Então você não gosta dele. Você gosta de laranja.
- Gostei do pensamento.
- Não, você não gosta do pensamento como gosta dele.
- Dele quem vó?
- Oras, estamos falando de quem?
- Do amigo dos meninos.
- Não, eu to falando da laranja.
- Que pergunta, você vem aqui todos os sábados, sabe que a resposta será sempre sim.
- Vamos falar sobre o tempo?
- Qual tempo?
- O que a gente vive.
- Ou o que a gente ja viveu?
- Pode ser.
- Mas será que dá tempo?
- Tempo pra que?
- Pra falar disso, oras.
- Mas agora eu quero falar sobre amor.
- Por que?
- Ah, quer coisa melhor do que isso?
- Você gosta dele?
- Dele quem?
- Do amigo dos meninos.
- Ah, gosto.
- Gosta?
- É, gosto.
- Não, você não gosta.
- Ahn?
- Você gosta de laranja.
- É...
- Isso é gosto, não amar.
- Mas eu não disse que era amor.
- E gostar não é amar?
- Não sei.
- Então você não gosta dele. Você gosta de laranja.
- Gostei do pensamento.
- Não, você não gosta do pensamento como gosta dele.
- Dele quem vó?
- Oras, estamos falando de quem?
- Do amigo dos meninos.
- Não, eu to falando da laranja.
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Feliz 20 primaveras
Olhando aqui - pra tudo aquilo que deixamos de viver, pra todos os dias desviados e horas atrasadas - pra você parado bem na minha frente, da mesma maneira que te vi pela segunda vez. Com os braços balançando involuntariamente, com um sorriso na cara e as sobrancelhas dobradas do tipo "será que ela me reconhece?". Como não lembrar, não reconhecer e não sorrir ao te ver de novo? É como se eu deixasse tudo pra trás, tudo o que me fez ser assim hoje. Toda essa coisa que tanto dizíamos ser amor. De tudo isso e mais um pouco. Por reparar que meus pés se levantam lentamente quando fico timida ou como coço a nuca quando estou nervosa. Por reparar na minha cara de choro e eu dizer: não tenho nada, é só um cisco. De trocar palavras e rir demais depois disso. Por termos vivido ao invés de sonhado. Mantivemos esse tempo com os pés no chão. E só de te ver, assim, tão você, me veio esse filme todo na cabeça. Eu não podia com isso. Mas me fez voltar ao seu aniversário, a surpresa e as suas lágrimas de felicidade. Parece que foi agora, agorinha. Você sorria tão docemente que eu percebi que a sorte soube sim ganhar para nós. Te ver e o coração não acelerar foi estranho, mas de alguma forma ele se acalmou. Entendeu que essas coisas, essas coisas como frio na espinha, pernas balançando, bochechas ficando vermelhas e de corpo estremecido, fazem parte da lembrança. Nossa lembrança e de tudo o que veio depois daquele dezembro chuvoso. Entendeu que agora, apesar de sempre restar um pouquinho de esperança, tempos bons não voltam mais. A única coisa que sobra é essa alegria de compartilhar mesmo que de longe, o meu riso com o teu.
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Parede sem janelas
Meu fígado doía demais, culpa das 7 caipirinhas que havia tomado na noite passada. Das 7 caipirinhas, 5 cervejas, uma dose de pinga e outra de whisky. Nem sei que forma tinha, só sei que a minha cabeça ficou roxa com mais um galo, culpa da porta da sala que colocaram ali justo no dia que só conseguia trançar as pernas. Eu nunca reparei naquela porta, não como aquele dia. Eu também nunca tinha reparado na cadeira de madeira que minha mãe colocou na cozinha. Cai sem rodeios. O telefone tocava mas eu não conseguia atender. Meu pai roncava como de costume e chamava alguém em sonhos. Só acordei com o miado da minha gata, que há tempos não acariciava. Não lembro de mais nada. Eu tinha que me levantar pro trabalho. O café nunca foi tão doce, que me perdi nos degraus de entrada. Meu mundo ainda girava e eu fiquei em choque quando olhei pra frente. Até esfreguei os olhos pra ver se era o mundo rodando mesmo ou se era verdade: André fechara sua janela. Não como de costume, mas com tijolos. Veio um filme rápido de todas as conversas que tivemos entre aquele vidro retorcido de seu banheiro e a minha escada. É estranho meu fígado doer e não ter com quem conversar ao acordar ou dormir. Estranho ir até a porta e não ter pra onde olhar. Querendo ou não, toda vez que lavava seus cabelos, meus olhos se perdiam e eu não conseguia pensar em nada. Não é de amor que eu estou falando. É de atenção. Fiquei confusa. Há uma parede na minha mente, sem janela alguma, que eu não havia reparado. Sem os olhos de André. Sem os seus acordes. Eu vou enlouquecer. Mas será que esse tempo todo André não passava de um fruto da minha imaginação ou será que a minha imaginação era fruto do André?
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Grande mentirosa, mais besta que a besta e dona de um coração “viciado em amar errado”.
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