Olhando aqui - pra tudo aquilo que deixamos de viver, pra todos os dias desviados e horas atrasadas - pra você parado bem na minha frente, da mesma maneira que te vi pela segunda vez. Com os braços balançando involuntariamente, com um sorriso na cara e bochechas vermelhas. Como não lembrar, não reconhecer e não sorrir ao te ver de novo? Por reparar que meus pés se levantam lentamente quando fico tímida, ou coçar a nuca quando estou nervosa. Por reparar na minha cara de choro e eu dizer: não tenho nada, é só um cisco. De trocar palavras e rir demais depois disso. Por termos vivido ao invés de sonhado. Mantivemos esse tempo com os pés no chão. E só de te ver, assim, tão você, me veio esse filme todo na cabeça. Você sorri tão docemente que eu percebo que a sorte soube, sim, ganhar para nós. Parece bobagem, mas nunca foi. Pelo menos, eu sempre achei que não. Meus ombros ficam despedaçados só por encontrar a tua vida diante da minha. Não consigo olhar para outra direção, nem pensar nas minhas dores. É como se você jogasse um feitiço sobre mim, e eu só pudesse me concentrar em você. Eu não consigo explicar essa coisa, esse seu dom de me conduzir lentamente no seu ritmo sem nem perceber. De encantar sem querer esse brilho todo para consigo. Cada coisa nova que acontecia em sua vida, era uma vitória para mim por dentro, por sempre ter desejado o seu bem como nunca desejei para mais ninguém. Sempre senti a vontade de te fazer feliz, de te ver conseguir as coisas sem precisar de ninguém ou até mesmo, de realmente encontrar alguém que o fizesse ser como deveria. A cada nova mulher na sua vida, meu mundo inteiro parava de rodar, eu não sabia se cruzava os braços ou se contava pra você toda essa dorzinha que nunca entendi... Eu tive várias recaídas, me reencontrando com o meu passado e com todas as coisas que me fizeram ser também, mas eu só fui parar de fazer isso quando eu me dei conta de que você estava presente mais em mim do que qualquer outra coisa que me remetesse ao ontem. Recordo de cada palavra dia e, até mesmo, das que os seus olhos queriam dizer. E voltar a reviver essa coisa, essa paixão de adolescente e esse amor para uma vida inteira, faz-me drogar da tua própria existência e das coisas que você tem para me oferecer. E eu quero viver todas as horas, as chances e cores que ainda temos pra conhecer. É estranho. Te encontrar e você estar sempre tão pronto pra me fazer bem, sem pensar em você primeiro. É encantador. Te encontrar e sorrir só por te observar dirigir ou falar mais que a boca. É uma felicidade sem fim. Eu sei muito bem que prezo muito mais pela sua felicidade do que pela minha. E eu sei que vou chorar como na música. Em cada erro, em cada acerto, quando eu me perder, quando não conseguir me achar. Mas eu sei que, todas as vezes que eu chorar ou sorrir, você ainda estará aqui. Por mim. Não importa o quanto tempo passe, ou o quanto tempo leve. Você vai ser pra sempre assim, assim tão lindo. Único. De maneira a não me deixar a pensar em outra coisa a não ser você. Em nós. No teu amor por mim. E no meu por você.
(porque desse nosso amor, a gente sempre soube).
Quem sou eu
Grande mentirosa, mais besta que a besta e dona de um coração “viciado em amar errado”.
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