Uma pessoa (que eu jamais esperava encontrar no meio dessas andanças) me disse isso estes dias e essa frase tem ecoado na minha cabeça desde então. Eu olho as pessoas ao meu redor, tantas vozes, choros e risadas, e fico cada vez mais perdida nessa imensidão que eu me coloquei. Um vazio enorme consome cada parte do meu corpo. As horas que não passam. Os anos que não voltam. As vozes que não se calam. As dúvidas. As incertezas. Os passos à esmo. Eu não sei o que fazer com a minha vida. Com o que eu poderia ter sido. Como eu deveria ser? Como eu deveria agir? Ontem foi a primeira vez que pensei em tirar a minha própria vida. Não tem nada a ver com a série da moda ou o jogo que estão falando. É até, então, um pouco hipócrita da minha parte. Logo eu, que sempre penso em maneiras de prolongar a vida e reverter a ordem natural das coisas para não morrer. Tento evitar a brisa em meus olhos, mas a cada verão que passa eles se dissolvem mais. Eu nunca pensei que seria tão difícil viver em mim. Eu nunca pensei que isso aconteceria, mas é nessas horas que eu lembro que eu realmente não sou nada. A cada novo fim de dia, eu me sinto mais triste. Porque antes eu tinha motivos para retornar. Agora eu tenho que me rastejar para levantar da cama e, então, sair do chão. Tento fingir que não é comigo. Cobranças por atenção e por falas, e eu apenas sigo em frente. Apenas mantenho meu rosto em linha reta, com os olhos fixos aos meus pés para não ter que encarar o mundo. Será que meus amigos sentirão minha falta? Será que eu faria falta pra alguém caso desistisse hoje de viver? Será que eu fiz a vida valer a pena? Será que eu tornei a vida de alguém melhor? Penso que quanto mais eu demorar até morrer, mais as pessoas me tirarão de suas memórias. Eu sei que a vida é assim. Eu sinto falta de tanta coisa, mas não admito. Eu penso, agora, em como a minha vida é difícil de olhar. Eu lembro de quando era criança, da casa da minha querida Lu e de como era fácil ser feliz naquele lugar. E, agora, eu descubro que a vida é difícil demais de suportar. Eu passo os dias deprimida, tentando entender essa lacuna em meu peito que as pessoas que mais amei me fizeram. Isso é, de fato, a vida? Amar? Continuar? Tudo isso me assombra e eu tento ignorar a dor. O vazio. Eu tento fingir que está tudo bem. Eu sinto um medo absurdo. De perder a sanidade. A identidade. De me machucar e não saber mais voltar. Eu estou tão cansada.
Cansada de existir.
de viver;
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